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Contos-->A MEDALHA -- 13/10/2004 - 15:03 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ana Konda naquela manhã, na cozinha depois do café, aproximou-se felinamente do Van e, dizendo-lhe com voz contida, ao pé do ouvido que se ele não parasse com aquelas impertinências todas, ela não mais se responsabilizaria pelas medidas urgentes a serem tomadas, mesmo se fossem as legais.
Van atordoado, apanhou uma tesoura e com ela pôs-se a recortar a notinha do jornal. Tratava-se de um novo emprego, que graças a Deus, haveria de tira-los todos da pindaíba homérica em que pairavam há algum tempo.
Antes de sair Van resolveu tomar o seu derradeiro banho. Encheu a banheira com água quente e, despindo-se submergiu. Quem o visse diria que ele mais parecia uma salsicha de conserva do botequim velho, boiando ali naquela calda, assim sozinho.
A diarista de Konda entrou no banheiro tomado pelo vapor. Não conseguiu ler o aviso fixado na porta que rezava: "Não entre sua chata, banheiro ocupado." Van levou o maior susto e irado, pregou-lhe um sabão retumbante. A moça, desconcertada pediu desculpas e afirmou não ter enxergado o aviso estampado na altura dos seus olhos. Van dizendo: "Desculpa de analfabeto é a cegueira", quase a mandou plantar batatas. Van voltou à carga, e pra desmoralizar, disse quando ela já saia: "Você é daquelas que confunde sueca com cueca". A moça voltou alguns passos e perguntou-lhe: "O senhor quer a azul ou a vermelha?"
O olhar de fúria do Van intimidou a menina; ao sair ela resmungou: "O senhor não passa de um falso. Um falso grande, um falsão".
Quando Van levantou-se, seus cabelos espetados, estilo tormenta avassalante, cobriram-lhe os olhos e o impediram de ver os chinelos, onde desajeitado, pisou desequilibrando-se. A sentada que ele deu ali no chão, minha amiga, não foi mole, não.
O tranco estremeceu-lhe os miolos e no chão pensava sobre o livro que desejava escrever e publicar: "Quero publicar um livro pra ganhar dinheiro. Mas pra isso preciso de capital. Porém se eu o tiver, por quê haveria de publicar livros?"
Konda depois do terremoto produzido pela queda dolorida, entrou esbaforida no recinto e perguntando se ele a estava querendo matar de susto disse: "Ou você arruma logo um emprego, ou teremos que discutir essa relação. E não me venha com fingimentos!"
A dor estampada no rosto do Van produziu uma certa comiseração em Konda. Achou que não deveria ser muito dura com ele. Coitado, afinal fazia sempre o que podia e o que pediam. Se não produzia bons resultados não deveria precipitar-se daquele jeito.
Konda ponderou que Van estava bastante magro. Talvez fosse o regime a que se submetia, o culpado por isso tudo. Fome é que não era. Seria vaidade extrema? Coitado, estava anoréxico. Será que ele não percebia ?
Konda pensou em dar uma folga pro Van. Afinal ele não era o responsável por tudo de ruim que estava acontecendo. Aproximou-se e abraçando-o carinhosamente beijou-lhe o rosto. O pensamento "essa é daquelas que confunde a gente com agente", surgiu na consciência do pobrezinho. Mas não querendo provocar tumulto retribuiu o carinho pedindo pra se acomodar na maciez da cama, por mais algumas horas.
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