O Telefone toca no ramal de Rubens:
- Rubens Levi...
- Sr. Rubens, aqui é do motel La Castilla, estou ligando para informar que senhor esqueceu uma corrente de prata aqui no sábado e que ela se encontra disponível na nossa recepção.
- Putz!, é verdade! Estava louco atrás dessa corrente! Muito obrigado.
Põe o telefone no gancho, aliviado... Aquela corrente foi presente da sua esposa, com quem esteve na noite de sábado no motel comemorando 2 anos de casamento.
(...)
Já se levantava para ir embora quando foi abordado por Rui do departamento de atendimento...
- Rubão, meu chapa, to com um problemaço. Cara, meu carro tá na oficina e minha esposa não vai poder me pegar. Será que você poderia me dar uma caroninha...
- Tudo bem, mas você vai então passar num lugar comigo antes...
- Cara qualquer coisa é melhor que pegar o Busunga lotado das 6 horas...
- Então vamos lá...
- Vamos...
(...)
- Pra onde vamos? – Pergunta Rui já no carro em movimento.
- Não se preocupe é caminho, motel La Castilla. Conhece?
- Conheço claro! Muito bom por sinal... – Pára, pensa 2 segundos... Grita: – Pára o carro!
Rubem pisando no freio... um carro de trás buzina frenéticamente – O que???
- Você ta loco?
- Cara assim você me mata de susto... (já pondo o carro em movimento...)
- Para esse carro!
- Cara o que você quer? Não posso parar. Olha trânsito!
- Eu não vou com você para motel porra nenhuma!!! Tá me estranhando!?
Rubens se toca, de repente, do que está se passando na cabeça de Rui...
- Que isso Rui?... Só vou pegar uma corrente que eu esqueci lá... Não é o que você está pensando...
- Ah... Ufa! Por um segundo pensei que...
- Que isso cara? Você acha que...
- Nããão... Foi só a situação...
Rubens da uma risada meio forçada...
Baixa um silêncio meio desconfortável, Rui acende um cigarro... e eles seguem o caminho...
Rui é o primeiro a falar...
- Rubão...
- Oi...
- Já pensou....
- Nem pensei nada!...- Fala Rubens meio na defensiva...
- Não cara imagina...
- Nem em imaginação!
- Cara deixe-me falar!
- Fala!
- E se alguém vê a gente...
- Cara ninguém vai ver a gente, desencana. Olha! Estamos chegando...
Rubens embica o carro na rampa do motel, tem uma fila de carros na frente...
- Fala! Rubão!!!! – A Voz vinha de um carro que saia pela outra Rampa... Só deu tempo de Rubens abaixar a cabeça de Rui no seu colo...
- Mauro! Você por aqui! – Era Mauro, ex- de Rubens com a namorada do lado..
- Pois é... (Completamente sem jeito).
Com o nervosismo Rubem apertava a cabeça de rui contra o seu colo que começava a se contorcer sem ar, num espasmo sem querer queima com o cigarro a perna de Rubem que dá um pulo, a cabeça de Rui voa para cima levando o corpo junto...
- Porra cara! Você quem me matar! Tava sufocando!
- Rubens ainda tenta empurrar Rui para baixo de novo, mas já é tarde: Mauro e a namorada olham com olhos arregalados, completamente sem jeito... Tudo que escapa da boca de Rubens é um baixinho:
- Não é o que você está pensand...
- Porra! Podia esperar entrar pra começar a sacanagem... – diz Mauro acelerando o carro e sai...
- Rubens olha para Rui, Rui para Rubens para e reina um silencio de uns três segundos... Rui quebra novamente o silencio...
- Vamos embora...
- Depois disso tudo! Agora eu vou pegar a corrente!
- Corrente porra nenhuma...
- E nem dá para voltar olha.... Já tem carro atrás
- Vamos ter que fazer o retorno e sair pela saída...
- SAIDA!!! Nem a pau, explicar eu entrar no motel com você já é difícil mas sair com você do motel eu não saio...
- Desencana Rui, pior que ta não pode ficar...
- Olha quer saber vou descer aqui, espero você na portaria e quando você sair eu entro...
- Ok parece boa solução.
Rui desce do carro e volta em seguida, branco...
- Que, que aconteceu.
- No carro de trás...
- O que!?
- É a minha mulher e o Gonçalves o corretor de seguro! Aquela FDP! agora entendi porque ela não podia ir me buscar.
- Êta motelzinho popular esse...
- Que eu faço agora...
- Vai lá!
- Nem a pau como é que eu vou explicar pra ela eu aqui na fila do motel com você!
- Cara quem tem que se explicar é ela!
- É, mas seu contar a sua história ela vai acabar inventando outra e eu vou ter que engolir. É melhor que ela não me veja.
Rubens anda com o carro e para na recepção. Antes, porém, que ele conseguisse pedir a corrente Rui o interrompe:
- Dá uma suíte!
- Cê tá louco!
- Louco nada, você acha que eu vou perder a chance de dar um flagrante nessa vagabunda!
- Cara calma!
- Calma nada dá uma suíte.
Eles entram no motel e Rubens guarda o carro na garagem...
Rui manda:
- Fica olhando e veja qual o quarto que eles vão pegar...
- Eu?
- Você! Pelo menos ela não te conhece, vai lá!
- Xiii, cara eles pegaram a suíte do lado! – Diz Rubens olhando pelo vão da porta da garagem...
- Ótimo; vamos entrar no quarto. Quero dar um tempo e pegar os dois no flagra... Aquela vadia!
Os dois entram no quarto e Rui sobe na cama encosta o ouvido na parede tentando ouvir alguma coisa, resmungando. Estava vermelho de raiva e ciúmes:
- FDP, lazarenta, vadia, piranha! Agora eu pego você! Você vai ver! Agora eu mato ela! – Rubens vê que o colega está alterado sobe atrás e tenta demover -lo puxando ele pelo ombro com as duas mãos.
– Vem cara deixa de ser besta depois você resolve isso!...
De repente ouve-se uma confusão do lado de fora do quarto, entra a mulher do Rui junto com o corretor de seguro:
Rui estava de quatro em cima da cama e Rubens atrás segurando pelos ombros.
- Rui! Seu... Seu... Seu VIADO!!! Como você pôde!!! – Grita a mulher!
- Amor! Não é o que você está pensando! é tudo que consegue dizer e desmaia.
Rubens ainda levanta da cama pega o interfone sob o olhar da mulher de Rui que chora copiosamente e do corretor que olha com reprovação. Suspira e fala no fone:
- É da recepção? Por favor, fecha a suíte B16 e ... - olha em volta - ... Sabe aquela correntinha que está aí na recepção? É, a de prata... Com uma medalha... Por favor, pode enfiar no cú! – Entra no carro e vai embora...
