Usina de Letras
Usina de Letras
166 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62210 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10356)

Erótico (13568)

Frases (50604)

Humor (20029)

Infantil (5429)

Infanto Juvenil (4764)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140797)

Redação (3303)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6185)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->Oi... Ricardo Oliveirão... Em escrita ligeira hodierna ! -- 27/09/2003 - 16:15 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Descrevendo e relacionando a improbabilidade verídica...

Os grandes clássicos da escrita ligeira portuguesa sob a pena de antigos e sapientes autores - Eça, Camilo, Ortigão, Herculano, Amado e tantos outros - constituem notável monumento literário que justificam e deram azo à sólida identificação da inequívoca alta qualidade das obras que consumaram e lhes deram trono no altar das lusas letras. Por aí se vislumbram as fontes que alimentaram os grandes rios que ainda hoje resplandecem para além da foz nos oceanos lusófonos.

Em escrita ligeira, caro amigo Ricardo Oliveira, dedico-lhe integralmente este exíguo texto. Os motivos e factores que trato e coloco em apreço, em óbvia evidência, tomaram semente nada, produziram-se e implantaram-se na Usina. Se quiser e lhe aprouver, estimado Ricardão, aprecie pois este naquinho de prosa em português hodierno que bebeu a seiva essencial na origem atrás descrita.

O que possa parecer crítica aberrante, espécie de irónico quiprocuó para atingir segundos e terceiros que se atreveram e ainda se atrevem a exibir ridiculamente veleidades e leviandades, começa pela chave do meu Alfa Romeo 33, disposta sobre uma mesa de café e presa a um chaveiro adornado com sete pequenos cubos onde sucessivamente estão gravadas, já em desbotada impressão, as letras que formam o diminuitivo de António à moda de um inspirado exclusivo brasileiro: "TUNINHO".

A chave do meu carro perpassa pela Amélia e pela Otília, minhas cozinheira e empregada geral, respectivamente. Passa ainda também pelo sonho que trago no ar e pretendo em breve concretizar: lograr uma motorista entre os 30 e os 40 anos de idade, sóbria, elegante e discreta quanto baste, a fim de conduzir-me por ruas, estradas e atalhos.

A Amélia é casada e está sempre com a preocupação concentrada na hora de regresso ao seu lar. A Otília vive junta com um lingrinhas qualquer que faz tocar o telemovel da moça pelo menos vinte vezes durante as quatro horas de trabalho descontraidamente útil que me presta por dia.

Ora, o carro e as duas mulheres, em constante imposição mensal, custam-me cerca de 1.200 euros, uma pequena fortuna que não amealho para depois gastar em cheio ao escorrer de um belo e esplêndido espumante francês.

Fiz-me pois entender resumida e muitíssimo bem nesta escrita que, desenvolvida e pormenorizada em estilo romanesco, daria sem dificuldade 150 páginas de lenga-lenga literária... Fiz?!...

- Boa noite... Sinhó Torre...

- Oi... Nelson... Ah... Olhe... Olhe aqui e explique-me uma coisinha brasileira: o que quer exactamente dizer "Ricardão" no Brasil?...

- Oh lá-lá... Lá-lá... Quer dizer que é safado pegando a mulher de outro...

- Ah... E Rodrigão?...

- Rodrigão?!... Rodrigão é legal... É um cara de bater no peito... É um chapa de abraço...

Tomei a chave do carro, tamborilei com os sete pequenos cubos no tampo da mesa, despedi-me e saí. Já na rua, ergui os olhos para o céu e exclamei, abotoando meu casaco: apre... Oh vida... Ultimamente só me saiem quiprocuós...

Um luso e fraterno abraço... Ricardo Oliveira.

Torre da Guia


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui