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Cordel-->UMA ESMOLA, POR FAVOR -- 13/03/2009 - 00:43 (Tarcísio José Fernandes Lopes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UMA ESMOLA, POR FAVOR!

I
Uma esmola, seu doutor.
Por Deus, peço em seu nome.
Amenize minha fome,
Eu suplico ao senhor.
Não se zangue, por favor,
Se lhe tomo um segundo.
– Quer trabalho, moribundo,
Um rapaz assim tão moço
Com a corda no pescoço
Deve ser um vagabundo.
II
Seu doutor, não sou culpado
De valer-me da sacola
Pra sair pedindo esmola,
Tão sem jeito e humilhado.
É que estou desempregado,
Por emprego procurando.
Como emprego está faltando,
Tenho que sobreviver.
Pra de fome não morrer,
Vou de esmolas escapando.
III
Seu doutor, antigamente,
O sertão era sertão!
Pra plantar se tinha chão,
Água e boa semente.
Hoje, tudo é diferente:
Não se planta algodão,
Arroz, milho e feijão.
O doutor sabe o motivo?
Não se tem mais incentivo
Do governo da nação.
IV
Não se tem mais a semente
Boa e selecionada
E o preço da enxada
Não tem mais quem agüente.
Se o governo, anualmente,
Nos empresta algum dinheiro
É com juro carniceiro,
Sem deixar nenhuma usura.
Como é que a agricultura
Salva o pobre brasileiro?
V
Seu doutor, eu não sei ler.
Nunca fui a uma escola
E se hoje peço esmola,
Não o faço por prazer.
Isso só me faz sofrer.
Mesmo pobre, sou honrado.
Já dei duro no roçado,
Tinha até necessidade,
Mas não vinha à cidade
Mendigar algum bocado.
VI
Decidi vir à cidade
Pra tentar algum emprego,
Mas aqui o desemprego
Já virou calamidade.
Daí a necessidade
D’eu perder minha vergonha,
Vir aqui feito um "pamonha"
A pedir-lhe: seu doutor,
Uma esmola, por favor,
Que a fome está medonha.
VII
Não me negue, seu doutor,
Tenha ao menos piedade.
Faça uma caridade
A um pobre sofredor.
Amenize a minha dor,
Não me deixe esfomeado.
Dê a mim algum bocado
Do que sobra em sua mesa.
Por que tanta avareza
Com o que Deus lhe faz sobrado?
VIII
Eu garanto, seu doutor,
Sem querer mais insistir:
Nunca mais venho pedir
Uma esmola ao senhor.
Não vivia de favor
Se o governo da nação
Se voltasse pro sertão,
Dando ao homem lá da serra
Condição pra ter a terra
Pronta para a plantação.
IX
– Me desculpe, meu rapaz,
por chamar-lhe vagabundo,
Pois não vi no moribundo
Essa dor que você traz.
Me arrependo e ademais
Vi que a vida é uma escola.
Jogue fora essa sacola,
Venha ser meu empregado.
Se você for mesmo honrado
Não vai mais pedir esmola.

- fim -
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