QUE BICHINHO RENITENTE!
I
Numa noite calorenta,
Assombrado, acordei
Com um bicho me picando,
O que era? Eu não sei.
Levantei-me, espreitando,
Nada estranho avistei.
II
Novamente, me deitei
E fiquei imaginando:
– O que diabo era aquilo
Que estava me picando?
Se a picada foi tão forte,
Por que não fiquei sangrando?
III
Num lençol, me enrolando,
Eu parti para a defesa.
Pois não é que novamente
Repetiu-se a proeza!
Mesmo estando enrolado
Fui de novo sua presa.
IV
Eu pensei: – que esperteza!
Que bichinho atrevido!
Mas enquanto eu pensava,
Eis que surge um zumbido.
Parecia um besouro
A zoar em meu ouvido.
V
Eu fiquei enfurecido
E pensei: – o que me resta,
É matar esse danado,
Acabando sua festa.
Pois não é que nessa hora
Pousou ele em minha testa!
VI
– Faça aí sua seresta,
Murmurei – que eu vou pegá-lo.
Preparei a minha mão
E pensei: – vou amassá-lo.
E bati com tanta força
Que na testa fiz um galo.
VII
Mas eu consegui matá-lo.
Quer saber do que se trata?
O bichinho que picava
E fazia serenata
Era uma muriçoca
Do tamanho duma barata!
- Fim -
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