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Cordel-->Encontro de Zé Limeira com Jacques Lacan -- 03/01/2002 - 17:35 (José Mario Martínez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Dedicado a Mestre Egídio e Daniel Fiúza, meus mestres zelimeirinos.

Meus amigos cordelistas,
desculpem se me intrometo,
eu nada sei de cordel
(sou da turma do soneto)
portanto ve se me excusa,
Mestre Egídio e Daniel Fiúza
são meus mestres neste reto.

Eu nem no Brasil nasci,
nasci no Norte da Espanha
e me criei na Argentina,
terra que é amiga e estranha.
Se me anima esta aventura
é porque sou "caradura"
e nisso ninguém me ganha.

Sete versos de oito sílabas
(tento cumprir essas leis)
Conto do jeito espanhol
estes fonemas cordéis.
Faço a conta meio afoito,
a estrofe e sete por oito
portanto cinquenta e seis.

"Mas do que é que vai falar,
diga logo José Mario
pois falar de falação
mais que cordel é calvário!
Se não tem pra dizer nada
pegue o onibus na estrada
e guarde a viola no armário!"

Calma, amigo, tô esquentando.
(Assim falei pro Inconsciente
que veio me apoquentar
com seu apelo impaciente.)
Ando sem eira nem beira
procurando Zé Limeira
e seu cordel insolente.

"Amigo, assim tu vai mal
pois Limeira não aparece
batendo em computador,
com ele não adianta prece.
Vá de mansinho, olhe torto,
vá se fingindo de morto
e, por demais, não se apresse".

Tá certo, então vou dormir,
quem sabe assim aparece
esse nego presunçoso
que tanta atenção merece.
Caí no sono profundo
e fui esquecendo do mundo
que é pra não juntar estresse.

E lá pela meia noite
veja só o que me acontece:
me encontro numa cidade
que era Paris, no Nordeste.
E, voando num divã
um cara diz "Sou Lacan,
também procuro o nego esse".

Então vamos buscar juntos
pro filósofo falei.
Logo vi que é um picareta,
vejam que cedo o saquei.
Andava meio afobado
buscando um significado
acho que fora da lei.

E pra que tu busca o Zé?
perguntei-lhe desconfiado
e ele, chupando cachimbo,
falou do "significado".
Disse que alguém na Sorbona
queria vender a sanfona
pra esse nego esculhambado.

E enquanto fala e discute
com lingua muito enrolada
aparece Zé Limeira
mijando à beira da estrada.
Carrega, apenas, a viola
e farinha na sacola
pois quase não come nada.

O psicólogo se excita
ao ter a oportunidade
de conversar com o nego
que era grande raridade.
Junto dum cartaz de Stop
desenrola seu laptop
para escrever a verdade.

"Vá se deitando, Limeira,
pra começar a entrevista"
disse o compadre Lacan
que era um bom psicanalista.
Limeira não é desconfiado
mas não quer falar deitado
que é coisa de "pederista".

"Limeira, não desconfie,
que é prática terapéutica",
lhe diz o Doutor Lacan
que dá aulas de hemenéutica.
Limeira, espirituflático,
usa seu verbo iniciático
e responde com maiéutica.

"Limeira, não entendo nada,
me faz favor, fala bem,
que do jeito que tu fala
não dá pra entender ninguém!"
"Doutor, aprenda de mim,
te ensino a falar assim
e não te cobro um vintém".

E assim passaram a noite
até chegar a clareira
falando em zelimeirés
debaixo duma mangueira.
E assim foi que, nesta viagem,
quem ensinou a linguagem
a Lacan, foi Zé Limeira.


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