T E R T Ú L I A
Noite quente e úmida
Adentra outubro
Sob o sax-tenor,
Negro jazz da sexta.
Bóia verde, ton-sur-ton
limão chupando
copo da branca vodka
quarenta e dois graus Gay Lussac.
Mais seca, densa constante
Esta indelével falta
Dos teus olhos
Boiando sobre minha vida.
Os anos engolem quase tudo
E nada me faltará
Além do longevo gesto,
O arquear de tua sobrancelha.
Moldada a esses tempos
De individualismos e quetais,
Temo, receio mesmo
Que não me fartem
Restos dessa noite
Internacional, curso
Dos medíocres bebuns
Na passarela das horas.
Não me culpes pela ausência,
Doce e permanente lacuna
Dos teus olhos capturando a umidade
Desta noite.
Walter da Silva
Camaragibe Pernambuco Brasil
14 de outubro de 2005.
|