Data: Sun, 18 May 2003 06:42:13 -0300 Para: torredaguia2003@yahoo.com.br De: amgigarcia Assunto: Usina de Letras - Contato do Leitor
Bom dia Senhor Antonio
Chamo-me Maria e sou espanhola mas gosto muito de Portugal, das pessoas, da lingua e sobretudo adoro o Fado. Foi escutando fados que eu aprendi um bocadinho de português. Dirigo-me a si para solicitar seu conselho e ajuda: geralmente costumo escrever tanto em espanhol como em português pequenos contos e cronicas. Um dia tive a necessidade de tentar escrever um fado, somente como brincadeira para mim mesma. Gostaria de mostrar-lhe os dois fados que escrevi naquela brincadeira para conhecer se, segundo sua opinião, acha que valem a pena. Os titulos dos fados são: "Dizem do fado" e "Pequena Ternura". Espero que goste deles. Muito obrigada pela sua atenção, esperando a sua resposta, despeço-me atentamente Maria Guilherme DIZEM DO FADO Dizem que o Fado é pranto Dizem que o Fado é dor Eu digo que é mais encanto Quando me canta o amor. Tem a ternura dos beijos Uma alegría no ar Tem certeza em desejos Quando canta sem falar. Dizem que o Fado é pranto Eu digo que é mais que amar. Já não há choro dormido Já não tem culpas na mão Sei que vai estar comigo Cantando-me à solidão. Guarda à vida confiança Deixa um cheirinho ao passar E traz consigo a esperança Quando sonha a cantar. Dizem que o Fado é pranto Eu digo que é mais que amar. É da cor de um azulejo É da cor do riso teu Tem as imagens do Tejo Quando ouve o canto meu. Dizem que o Fado é destino Que ninguem pode mudar Por isso é tão divino Quando o sinto a cantar. Dizem que o Fado é pranto Eu digo que é muito mais, Muito mais Do que amar. Maria Guilherme PEQUENA TERNURA O mundo esta cansado de não viver de calar na solidão o seu sofrer tudo passa de longe no coração. Nem sequer o aroma das rosas vai lembrar-se das pequenas coisas que nos fizeram enternecer de paixão. Mas hoje vem de novo um beijo teu a deixar-me no cabelo estrelas do céu e quero brincar na primeira luz do dia. Cantar, rir, sentir no rosto o vento é dizer que não hà limites no tempo quando o coração é quem nos guia. Que vou fazer com a mulher que sou se não tenho ternura no que dou se não procuro a beleza da alma Onde vou despertar os gestos dormidos de quem fazia doçura dos ais perdidos e diante deste Fado se desarma. Agora que chega a serenidade e num só olhar esta a eternidade a pequena ternura é quem me abriga Apenas uma dor hà nos meus ais sería quiçá não ter amado mais agora que vou dizer adeus à vida. Maria Guilherme Maria... Bom Dia... Sempre Bom dia... Que bonito... Que alegria... Uma mulher espanhola Sentir que o Fado consola A sua própria tristeza... Maria... Que harmonia e magia Que estupenda alquimia Espanhol e português Unidos mais uma vez Com beleza e singeleza. É pois, Maria, com seu tão agradável e-mail, a primeira e bem justa convidada de "beMal", cujo mentor recebe sentidamente comovido o seu esplêndido português escrito, tanto mais ainda porque aprecia Fado. Se acho que valem a pena os dois poemas que apresenta? Vou fazer de imediato as melhores diligências para que no mais curto prazo possível tenha o prazer de ouvir seus versos cantados por uma fadista portuguesa. Após uns pequenos toquezinhos, como constatará, o seu "Dizem do Fado" irá passar em boa voz. Uma interrogaçãozinha: porque não vem a Maria participar na Usina de Letras?!... Um luso e terno abraço Torre da Guia
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