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Cronicas-->Para Nao Falar Sozinho -- 08/10/2003 - 02:30 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PARA NÃO FALAR SOZINHO

Por delicadeza, perdi minha vida., escreveu Rimbaud com menos de vinte anos. Eu também, com quase duas décadas Há´ mais, sem contar os contratempos da sensibilidade com a realidade ditatorial do mercado e das relações humanas, complicadas para uma pessoa que dedicou-se aculturar-se, ando falando a muitos poucos. Dificil explicar aos gráficos que há´ no papel escrito algo mais do que papel escrito. O conteúdo não interessa ao mercado. O papo e´ sempre dinheiro. O mercado só´ entende a voracidade do lucro, pouco se importando com o que produz, haja visto os escàndalos televisivos e outros e outros.
Assim vai a educação, a saúde, o mundis operandi.
Fiquei sem assunto, pois as estrelas, o vento, o tempo e os exilados do mercado só´ interessam a mim e a São Francisco de Assis. Tudo e´sucesso; e´ a lei. Aos pobres, a morte! Obrar intelectualidades nesses tempos e´ um heroísmo extraordinário.
Sei que escrevo para meus poucos ouvintes, para não dizer nenhum. Escrevo para quem me conhece, e por vezes pego-me conversando esses assuntos inuteis, por ora, a um amigo ou amiga mais chegados. Alguns que nem conheço o rosto. Não poucas vezes para sentir-me vivo. Por isso, peço que me perdoem as inconfidencias.. Não quero acabar como um jovem motorista de uma Van que contou-me que estava começando a falar sozinho no carro, posto que com a mulher já não se entendia mais, nem com a familia dela.
Como o mercado so´entende a linguagem monetária, essa passou a ser o "esperanto" mundial. Quando estou sem inteligencia monetaria, por exemplo, evito sair de casa, porque não sei como abordar mais as pessoas. E sou obrigado, por humana condição, a abordá-las. Sei que as vezes sou um chato extraordinário. Pior e´ Ter de confessar-se tolo. Isso e´ que e´ duro, para quem um dia sonhou genialidades.
Para onde vamos? Por que vamos? Como vamos?
As solares musicas de Tim Maia parecem de outro tempo perdido.
A gente anda se perdendo no meio da correria. Aquele velho mendigo pode ser uma flor. O malabarista do sinal pode ser um futuro astronauta. O vendedor de bananadas um artista de circo. Parece que so´ eu vejo as coisas fora de lugar, ou em outra ordem. Não consigo separar coisa nenhuma de coisa nenhuma. A inteligencia monetária por si só´ não me convence. Sou um dissidente.
Também não aceito falar sozinho, como o jovem motorista da Van. Por isso escrevo e peço que me perdoem a invasão, porque o escritor, quando não e´ procurado, tem de procurar. Então, para nos, no qual a falta de jeito humano e´ o próprio jeito, fica difícil falar sozinho, fazer comício ou pregar seja lá´ o que for.
A eterna esperança de que um dia, quem sabe, o dono das maquinas possam olhar que por traz do papel tem palavras, por traz das palavras uma alma, por traz da alma um sentido.
Por delicadeza, perdi minha vida.
Quem sabe se um dia não convenceremos o mundo de que nós, os sensíveis, estamos certos, ao menos na intenção.
Ai nos entraremos no mercado e outro será o mundo.
Mas infelizmente somos vistos como coisa sem serventia ou supérflua, como as bolinhas de limão do malabarista de sinal.
Agradeço aos poucos que me ouvem, porque me fazem resistir. O mundo só´ precisa de atenção; prestem atenção nisso.
Depois me digam, se as gráficas deixarem...


O7/09/2003

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