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Poesias-->Amar -- 30/10/2005 - 20:56 (Tânia Cristina Barros de Aguiar) |
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tem esse gosto na boca
doce-amaro
tem um contemplar que não se cansa
e tu te perdes no corpo do amado
tem as pernas
aquelas longas, quentes
a entrelaçar-te
desde a alma até os pés
ah, os pés esquentam
tudo mais ferve
perfuma-se
tem pequenos sustos
nos momentos noturnos
quando o sentir parece novo
como nunca tivesses vivido
aquilo antes
como a maré que enche, transborda
o amar te toma
te umedece
tudo fica um flutuar em vapores cheirosos
uns tragos frescos nas taças ofertadas
desde o olimpo
a engolir-te
- abismal enleio a devorar-te
qual serpente encantada
amar tem divindade
tem o partilhar de marolas
um afundar-te para perder o fôlego
e retornar em brilho, em mesa farta
para sentir-te um deus prateado
lânguido, solto
esvoaçante, adocicado
amar é saciar essa fome ancestral
do movimento primeiro da criação
onde a vida fez-se simplesmente
onde houve o sopro morno do universo
- assim é amar
recriar a magia do caos
descontrolar-se para fazer vibrar
a sinfonia eterna, infinita
a alimentar os anjos e os mortais
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