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Cronicas-->"Lunário Perpétuo" -- 10/10/2003 - 11:19 (Nereida) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Lunário Perpétuo é (era) um almanaque popular no nordeste - tudo estava baseado nas fases da lua.
Tempos de plantação, colheitas, domação de animais, tosa, o que se relacionasse à vida do campo, estava no Lunário Perpétuo. Não sei que fim teve - ou se ainda está sendo publicado.

Vi um único exemplar do Lunário, há alguns anos, na cidade de D., Minas Gerais. - Eu era menina-moça, levada por meu tio a conhecer seus amigos rádio-amadores; um deles me mostrou um exemplar do Lunário. Como lamento não ter folheado mais aquele tesouro, para poder lembrar agora! - Lembro que o amigo do meu tio exaltou o Lunário como reflexo da vida brasileira no campo. Lembro que os homens ali presentes falaram bastante daquele almanaque, alguns ainda citando outros mais. Eram publicações que vibravam entre as pessoas nos campos brasileiros. Todos ali se viam retratados e seguiam as indicações, das mais variadas, nas suas vidas diárias.

Mas, menina-moça, eu estava um tanto mais interessada em outras coisas. Naquele rapazinho tímido que me olhava de soslaio - eu era a moça da cidade, a sobrinha do seu Zé, que falava com os homens mais velhos como igual a eles... era eu, a menina-prodígio de que falavam naquela (outrora) cidadezinha. Saí na coluna social da gazeta local. Correu notícia que eu ia abandonar a capital para ficar na cidade, porque saindo dali, morreria de saudade. (O rapazinho tímido mudou-se para o Rio, onde hoje é professor universitário. Casado com uma amiga minha, estive visitando-os no ano passado - e ali lembramos do Lunário Perpétuo.)

Infelizmente, não tenho as profundas raízes brasileiras que gostaria de ter. Como filha de imigrantes, meus antecedentes, precedentes, ou o que seja, são de outras plagas. Também têm suas histórias e seus almanaques, mas não têm as varandas onde se folheava o Lunário Perpétuo. Não têm os fifós, que iluminavam a noite pelas estrelas recortadas nas latas vazias de óleo. Não têm o cheiro do mato nem o canto das cigarras nem o gru-gru dos sapos.

Lembrei-me do Lunário Perpétuo porque hoje vai ser noite de lua cheia, daquelas de trazer ao mundo os lobisomens, as almas penadas, os sacis e os caiporas. Tudo isto está no almanaque.

Vou pra porta de um cemitério pra ver esta banda passar. Se não me levarem junto, volto pra contar.

Tenham todos um bom luar!
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