Os princípios segregados nos patamares éticos e morais da sociedade estão paulatinamente perdendo seus fundamentos. A individualidade moderna, sob a égide de um capitalismo frio e calculista, corrompe as linhas mestras que dão suporte axiológico para a sociedade moderna. Disto decorre um afastamento dos interesses sociais para um caminhar isolado do homem dentro de sua vida, tampando seus olhos para o bem coletivo e almejando somente sua felicidade. Por falar em individualismo moderno, a questão do ser e do ter merece destaque relevante. A moral cosmopolita não consegue mais fortalecer o ser, o interior do homem, considerando seu tribunal racional e ético que é sua consciência. Em face de um consumismo alienado, os ideais nos quais os homens se atêm são relacionados com objetos materiais, destinados a suprir o vácuo interior que nossa sociedade abre com relação aos sentimentos humanos. Na verdade, a ideologia capitalista não se importa com os sentimentos tais como a verdade, a honestidade, bondade, moralidade, mas, isso sim, preocupa em expandir seus impérios, subjugando o homem e, numa concepção teológica, o próprio Deus. Assim, o ter se sobrepõe ao ser, num jogo de interesses que apartam os homens e os unem individualmente aos objetos de consumo. Os rumos da vida não merecem ser caminhados embasados nesta ética putrefata. O homem individual deve dar lugar ao cidadão consciente que objetiva o bem comum, numa conjuntura na qual o ser se sobreleve ao ter. |