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Artigos-->PESSOA INÉDITO -- 08/02/2001 - 02:07 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


PESSOA INÉDITO





João Ferreira







Fernando Pessoa é um poeta e um escritor debatidíssimo. No mundo de língua portuguesa e fora dele. A obra, em sua grande parte inédita aquando de sua morte ocorrida no ano de 1935, viu, após a segunda guerra mundial(1939-1945), uma difusão incrível, graças às intensas pesquisas e editoração da parte mais importante da obra achada em seu baú. Foram geradas teses e trabalhos críticos em universidades e fora delas. A bibliografia reunida por José Blanco (Esboço de uma Bibliografia, Lisboa, Imprensa Nacional/ Casa da Moeda, 1983) é uma amaostragem séria desta expansão. É porém verdade que depois de 1983, a quantidade de congressos, simpósios, encontros, mesas-redondas e círculos de estudos pessoanos tornou-se quase incontável, especialmente a partir de 1985, data comemorativa dos 5O anos do lançamento do movimento de Orfeu,incluindo o Congresso de Professores Brasileiros de Literatura Portuguesa, em João Pessoa, nesse mesmo ano de l985, que escolheu Fernando Pessoa como temática central de sua convocação e que publicou, em consequência desse evento, um volume de depoimentos e estudos criticos. Toda essa movimentação gerou novos debates, novos conhecimentos e nova bibliografia. Poderemos dizer até que, em certa altura, os estudos pessoanos e a incidência abusiva conheceram uma saturação de chamadas e clamores em torno de Fernando Pessoa. Pelo lado editorial e textual, primeiro a editora Ática de Lisboa, depois a Aguilar do Rio de Janeiro, em seguida a editora Europa=América, de Lisboa, com edição preparada por António Quadros, e finalmente, a editora Lello & Irmão do Porto, que em 1987, publicou uma belíssima edição em três volumes, em papel-bíblia, organizada, introduzida e anotada por António Quadros, num total de cerca de 4.OOO páginas. Finalmente, a Nova Fronteira, do Rio de Janeiro, que nos deu alguns textos, entre eles uma edição reconstituída dos vários Faustos concebidos, desenhados e escritos por Fernando Pessoa.

Não vou repetir aqui o que todos sabem. Quem é estudioso conhece quais são as fontes e os pontos altos da poesia de Fernando Pessoa. Tem onde buscar a informação e os destaques interessantes para o estudo do espólio poético de Fernando Pessoa. - Vamos deixar de lado, por momentos, o que já se sabe. E vamos dar uma atenção a um outro Fernando Pessoa, ao Fernando Pessoa ainda inédito, presente algures, em alguns meandros do fértil baú ou arca ou do Espólio que nos deixou, hoje na Biblioteca Nacional de Lisboa.



PESSOA INÉDITO



Sob a coordenação de TERESA RITA LOPES, uma das mais ilustres pesquisadoras de Fernando Pessoa, foi publicado em 1993, pela Editora Livros Horizonte de Lisboa, o volume "Pessoa Inédito". São 439 páginas, estudadas e reunidas pelo assim chamado Instituto de Estudos sobre o Modernismo representado por cerca de 21 pesquisadores que a partir de 1987, iniciaram na Biblioteca Nacional de Lisboa. O grupo de pesquisadores coordenado por Teresa Rita Lopes, percorreu todo o Espólio. Para o pesquisar, isso significou re-ordenar, re-arrumar os 27 543 documentos "dos quais 18 816 manuscritos, 3 948 datilografados e 2 662 mistos. Correu atrás de preciosos manuscritos vendidos em leilão que pertenceram ao espólio de José Pacheco, "parceiro das aventuras estéticas de Fernando Pessoa e Sá-Carneiro", amigo de Marinetti em Paris. Muitos desses manuscritos davam sinais da vida de Pessoa. Segundo Teresa Rita Lopes, "os textos apresentados neste volume não pretendem ser mais do que parte do atlas que tem de ser feito sobre a obra de Pessoa. Só após ser completado o Atlas, poderemos falar de öbras completas" do Poeta, diz Teresa Rita Lopes. Apenas aos heterônimos consagrados Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis, foi concedida por FP a "carta de alforria dos heterônimos". Apesar das muitas sombras em que se desdobrou, aos demais concedeu apenas o estatuto de "personalidades literárias": o inglês Charles Robert Anon, Alexander Search - o decadente, o irmão gémeo que Pessoa não teve, nascido em Lisboa no mesmo dia e ano que ele, vindo de Durban para Lisboa em 19O5[ da pré-história dos heterônimos], Thomas Crosse, Bernardo Soares, Rafael Baldaya, W. Fasnacht. Pelos textos apresentados se mostra que Pessoa não foi "o intelectual seco, desencarnado que habitualmente fazem dele. Foi, como se auto-apresentou em um texto originarimente escrito em inglês em 19O8, publicado na ed. Lello de António Quadros em inglês e português, uma "alma amorável, meiga, cheia de bondade, de compaixão", simples, carinhosa, sonhadora, um homem simples e trabalhador da sobrevivência, com dívidas a saldar... Define-se como um "estimulador de almas"em texto inédito.

"Pessoa Inédito"apresentado por Teresa Rita Lopes tem um corpus de 272 textos, devidamente numerados. Estão divididos em 9 capítulos, correspondentes a outros tantos títulos"1. Textos sobre " quotidiano e tributável"(pp.113 ss). 2. Um português à inglesa. 3. A Pátria Língua Portuguesa (pp227-), título baseado em epígrafe de Bernardo Soares"Minha pátria é a língua portuguesa", desdobrado em textos vários, um dos quais se chama sebastianismo e Quinto-Império (p.228). Nesse texto diz : "O defeito, a fraqueza do sebastianismo tradicional reside, não em ele, senão em a deficiência e a fraqueza de seus intérpretes. Ognorantes, decadentes, ensinados a crer pelo espírito católico, esperavam de fora o encoberto, aguardavam inertes a "salvação externa". O Encoberto porém é um conceito nosso; para que venha é preciso que o façamos aparecer, que o creemos em nós através de nós. É com ânsia quotidiana, com uma vontade de hora a hora que em nossa alma o devemos erguer, de ali o projetando para o mundo chamado externo. [ ...] O Encoberto é o reprsentante máximo das forás espirituais que hão-de criar o Império ( o Quinto Império). Como podemos esperar que ele venha senão criamos primeiro as forças que por sua vez a ele o hão-de criar? [...] Essas forças são ânsia de domínio e a tensão de todas asapotências da alma em tornio dessa ânsia [...] A confluÊncia dessas ânsias nos levará ao Encoberto. 228. Mas abaixo: "não há homens salvadores. Não há Messias. O máximo que um grande homem pode ser é um estimulador de almas, um despertador de energias alheias. Salvar um homem a um povo inteiro - como poderá fazer se esse povo inteiro não fizer por salvar-se - isto é, se esse povo inteiro não quiser ser salvo ? Ib.228.

4. Criador de civilização (p.253 ss). Textos sobre Orfeu, sensacionismo, interseccionismo, manifesto do sensacionismo(265). O paganismo supremo segundo António Mora(272), Sobre as ilusões [ 279], Preconceito[28O-281]. 5.Nacionalismo cosmopolita (p.3O7). 6. O cidadão no seu tempo (catolicismo e monarquia) 34O.Por uma república aristocrática 343 [onde desenvolve uma teoria geral do estado português. ].Sobre Salazar: "Confio no Professor Salazar...]263. Vários textos sobre Salazar desde a admiração até à denúncia da ditadura(372). "Carta escrita ai Presidente da República contra o Presidente do Conselho e a "venda a retalaho da alma portuguesa"374. 8. Um POeta animado pela Filosofia ( 397 ss). Confissões filsóficas 398. Introdução estudo da metafísica.

Verificar o valor destes textos – eis a grande questão.

Tudo é importante e fazem parte integrante dessa textualidade destinada a definir e fazer compreender melhor "esse drama-em gente", que é Fernando Pessoa..



João Ferreira

8 de fevereiro de 2001



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