SILÊNCIO E FELICIDADE
Jan Muá
17 de setembro de 2000
Meu amigo, minha amiga
Acho que pensamos o mesmo: que a felicidade é um caminho pessoal e íntimo de busca e de procura. É um caminho lento, delicado, muitas vezes silencioso, que não se anuncia com barulho, com publicidade, nem com festas nem com foguetes.
O espírito humano aspira ser alguém, aspira a ser alguma coisa no seu meio, na sua sociedade, no seu trabalho, no seu grupo, entre as mulheres, entre os homens, junto de sua namorada, junto de seu namorado.
Isso quer dizer que todas as pessoas querem marcar sua identidade no mundo. Lutam para terem um espaço seu. Se esforçam para mostrar que são alguém.Todos querem um destaque, pequeno ou grande, entre os outros humanos. A coisa é tão verdadeira e profunda que a crónica jornalística mostra até que há jovens ligados a gangues que batem e matam só para mostrar que são homens, que são indivíduos.
Também tu queres sentir tuas próprias emoções e tuas alegrias. Mas queres que isso apareça como identidade própria, tanto em teu pensamento, como em teu amor, em tuas conquistas, como no reconhecimento que desejas por parte da sociedade em que vives. Na tua expressão pessoal, na conquista amorosa, na tua relação humana, no silêncio sofrido, queres essa identidade. Este é o caminho normal do homem e da mulher. Queres ter tua uidentidade reconhecida no mundo. Se não for assim, sentir-te-ás frustrado, frustrada, problemático, problemática, infeliz...
No mundo, todos declaram quererem ser felizes.
Também tu queres e podes sê-lo, de maneira própria, como desejas. Mas há algumas regras para isso. A sociedade é uma organização. E como tal tem algumas regras básicas para te receber, para te gerir e para te respeitar.
A maneira de viver em sociedade é uma arte... Cada um terá de tentar descobrir essa arte, adequando-a a seu estilo, a seus gostos, a seus objetivos de vida... Um dos segredos é descobrir o valor do silêncio criador. Aquele silêncio que te permite concentração e reflexão. Aquele que te ajuda a perceber que és apenas um pequeno ser e um átomo no cosmos gigante...E que como átomo tens um pequeno espaço de giro e um tempo próprio para gerir uma existência essencialmente rápida e fugaz...É quase uma filosofia de vida aquela que temos de inventar para acordarmos a consciência necessária deste tempo-limite. Por esta consciência, poderás perceber que tua glória terrestre e cósmica ao mesmo tempo é essa mesma, a de seres, num determinado momento, uma pequena consciência que pensa, percebe, ama, e se dispõe a viver de uma determinada maneira...Consciência que também revela que num outro momento, cada humano sumirá do tempo e do espaço em seu Planeta Terra e se integrará de novo no misterioso Universo.
Tua felicidade não poderá estar distanciada da percepção deste mistério. Perceber isso com naturalidade e com clareza e sem sobressalto, será parte de tua felicidade natural, também.
Este é o palácio da felicidade de todos os humanos, que são convidados a tenatr descobrir com humildade uma reflexão que lhes é proporcionada pelo silêncio cósmico.
Esta é a tua grandeza, amigo, amiga. E é também uma luz imensa para teu conceito de felicidade. Uma prova de vida...a teu serviço...
Jan Muá
17 de setembro e 2000
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