LEMBRANÇAS DA VIAGEM A PERNAMBUCO PARA O CONGRESSO DE ADVOGADOS TRABALHISTAS
25 de 10 a 06.11.2007 (Cordel do amigo Dr. Jedier Lins) Ana Zélia
A REVOLTA DAS SAIAS (1)
Dr. Lauro Bezerra (2)
Sertanejo destemido
Briga que nem jumento
Salta que nem cabrito
Não tem medo de porrada
Quer ganhar tudo no grito.
Sujeito mal encarado
Está sempre insatisfeito
Tentou liderar o grupo(3)
Porém tomou muitas vaias
E com a revolta das saias
Disse o grupo está desfeito.
Homem muito truculento
Chega a ditar o cardápio
Quer que todo mundo coma
Bode cabrito ou carneiro
Mas quando dona Lú grita (4)
Diz, amor falou tá feito
Dona Lú sua mulher
Quis passar em João Pessoa
O Lauro disse que não
Melhor ficar numa boa
Se tiver achando ruim
Nosso grupo fica à toa
Dona Lú bateu o pé
Não acatando a recusa
O Lauro ficou calado
Com cara de quem acusa
Mas finalmente falou
Amor, tu usa e abusa.
Todo homem que é zangado
Quer se mostrar imponente
Se metendo logo a brabo
Dizendo, eu sou é decente
Mas quando a mulher grita
Desaparece o valente.
Aconteceu no Nordeste
Numa grande travessia
Comendo carne de bode
Galinha, pato e peru
Buchada com ambrosia (5)
Mangaba manga e cajú.
Já de volta no Recife
O congresso era a razão
Muita mulher bonita
Doutor, peão e patrão
Palestrante e vagabundo
Bebendo até alcatrão. (6)
Valeu Lauro, a brincadeira
A amizade dobrou
Que não seja a derradeira
O mundo não se acabou
Ontem foi lá no Recife
A outra onde for eu vou
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Poeta cordelista: Jedier de Araujo Lins – pernambucano de Canhotinho-Advogado
GLOSSÁRIO:
(1) A REVOLTA DAS SAIAS – Insurreição das mulheres que faziam parte do grupo de advogados que participou do Congresso em Recife.
(2) Lauro - Advogado pernambucano, militante no Amazonas e Estados limítrofes, respeitado em todos os Foros, Instâncias e Tribunais e querido por todos os seus colegas.
(3) Grupo. Era o grupo de advogados liderado pelo Dr. Lauro Bezerra.
(4) Dona Lú. Esposa do Dr. Lauro Bezerra. (5) Ambrosia:
Doce bem preparado
Com ovos leite e limão
Feito com calda de açúcar
Ao ponto, com muita
atenção
Cozido em panela de barro
No fogo de lenha ou
carvão.
(6) Alcatrão. Conhaque de alcatrão de São João da Barra.
Este é mais um trabalho de um grande poeta nordestino-amazonense- Ana Zélia