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Cronicas-->Perdido na Metrópole (36) - Atraindo Confusões -- 15/10/2003 - 15:44 (Silvio Alvarez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Perdido na Metrópole
Silvio Alvarez
Ilustração: Bruno César

Sou o Perdido na Metrópole.

A cada novo texto constato a satisfação que esta personagem 95% autobiográfica me traz. Tenho orgulho de ser um perdido...Na metrópole. Figurinha carimbada, comum nas grandes cidades, um ser atrapalhado, porém consciente das limitações aparvalhadas. Uma criatura trancafiada em seu próprio universo, constantemente aberta para o mundo, observando tudo e todos.

Não tenho muito trabalho para encontrar assunto. Os assuntos me perseguem. Tento encará-los com bom humor, guardo-os em meu caderninho mental, auxiliado por meus três neurónios. Mando bala e "faturo" com isto.

Querem exemplos?

Estava em meu apertamento pronto para sair. Mais um show da banda para qual trabalho como assessor de imprensa. Quando alguém vem me buscar de carro, precisa ligar para o meu celular-tijolo ou para o novo telefone fixo (sempre ocupado) dando um toque para que eu desça os seis andares e aguarde na portaria. Meu edifício não tem zelador (depois das 17h00), muito menos interfone. Márcio, o produtor do Yslauss, em seu Astra verde limão metálico, acompanhado pelo assessor-segurança-amigo da banda, Paulo Bodão, ligou para me avisar que estavam chegando. Como de costume, retoquei a fachada física aparente e utilizei meu requintado e pré-histórico elevador de filmes noir para chegar à rua rapidinho. No meio fio, em frente ao meu condomínio, estacionado e aguardando, um Astra verde limão metálico. Abri a porta e entrei. Não era o do produtor. O motorista era alguém com cara de apavorado, não entendendo nada, que eu nunca tinha visto mais gordo. Ele também nunca tinha visto alguém tão magro e assustado. Mico!!! Pedi milhões de desculpas (em dólares) e saltei do automóvel-clone. Logo atrás, observei meus dois colegas de trabalho, dentro do Astra verde limão metálico verdadeiro, rindo a valer.

Percebem como atraio confusões. Nem Paulo Coelho conseguiu explicar por que estas coisas acontecem comigo. Karma lá! Às vezes este tal de karma exagera!

Aquela do pedinte esperto ter me abordado duas vezes, em lugares diferentes, tentando me pregar a mesmíssima peça...Foi demais!

Frequentemente, as situações engraçadas acontecem por pura distração de minha parte. Quantas vezes, tentei passar na catraca do Metró sem inserir o bilhete, levando aquele tranco nas partes baixas? Inúmeras. Distração ou burrice? Não sei. Devo confessar. Já fiz o sinal com o braço para fazer parar o trem do Metropolitano. Gargalhada geral na plataforma!

Também no Metró... As portas dos vagões se abrem e temos alguns segundos antes do pããã eletrónico dos alto falantes (que avisa do fechamento das mesmas). Quando chego à estação e vejo o trem de portas abertas e ouço o sinal irritantemente necessário, nem arrisco. Um belo dia. Com quinhentos compromissos, um em cada extremo da cidade (sou exagerado mesmo), cheguei correndo à plataforma, descendo a escada rolante rolando, fui surpreendido pelas portas da esperança, de um certo vagão, escancaradas como se aguardassem minha chegada. Estufei o peito. Encarnei um ar de Governador do Estado e adentrei de queixo empinado, esnobando os companheiros de viajem como que dizendo...Estão vendo, consegui entrar. Sou sortudo! Causei inveja aos demais! O tempo passou, as portas não fechavam, e, obviamente, o trem não prosseguiu. Estranho. Pensei! Já era para ter ressonado o pããã!!! Nada! De repente, as caixas acústicas transmitiram uma mensagem na voz de um aprendiz de Cid Moreira...

- Este trem não prestará mais serviço. Favor descer na plataforma e aguardar.

Havia reparado que tudo estava muito bom para ser verdade. Minha cara de ameba costumeira retornou, aguardei o próximo trem e segui meu dia. O piloto de fórmula 1, operador do próximo comboio, com certeza atrasado, fez o troço voar. Não parou em nenhum semáforo. Os pãããs ficaram mais rápidos a cada estação. Metró Boeing turbinado! Cheguei rapidinho ao meu destino. Vivo!

Por falar em porta. Já repararam na dos elevadores modernos? Elas abrem e fecham numa velocidade estonteante. Parece que o mundo vai acabar, que aquela é a porta do céu, que São Pedro está lá em cima e quem conseguir entrar entrou, senão...Não mantenho uma relação muito amigável com esta tecnologia elevatória! Aprendi que se inserirmos a mão entre as portas, antes que fechem, o simpático sensor faz o favor de segurá-las abertas. Só que dá medo. Não confio! Não ponho a mão. Utilizo minha mala 007, companheira infalível, como cobaia. Nem sempre dá certo! Em geral, a abertura já é insuficiente para tal ação. Não insuficiente, entretanto, para notar a aura de sarcasmo de quem está lá dentro todo confortável como que pensando. Você não conseguiu! Espere mais um pouco! Tchau ameba atrasada! Bye!

Mas o Perdido na Metrópole não atenta apenas para estas hilárias passagens cotidianas. Vê também beleza, quase sempre, onde aparentemente, não há. Vocês já pararam para reparar nas maravilhas, sejam elas humanas ou arquitetónicas, presentes em suas cidades. Experimentem!

Silvio Alvarez é assessor de imprensa da banda de rock pop Yslauss, artista plástico de colagem, colunista e apresentador do Programa Perdido na Metrópole no www.netmusic.com.br - A sua TV de música na Internet.
silvioalvarez@netmusic.com.br / brunoartes@uol.com.br








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