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Artigos-->Português ou Inglês? Eis a questão... -- 25/08/2002 - 18:43 (Valdir Antonelli) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Até o começo da década passada era quase impossível uma banda brasileira se arriscar no mercado internacional. Os motivos pra isso eram a falta de apoio das gravadoras, o inglês mal falado de quase todos, mas principalmente a falta de canais de divulgação decentes. Tirando algumas bandas de heavy metal e outras punk rock, nenhum dos grupos que fizeram sucesso no mercado nacional arriscaram uma carreira lá fora. Sepultura, Angra, Viper, Ratos de Porão e mais recentemente o Toy Shop eram - e ainda são - exceções, mas a coisa está mudando.



A internet é a maior parceira para esses artistas que criam sites, disponibilizam suas músicas para download, se cadastram em sites estrangeiros, trocam músicas por e-mail, tudo de graça. As bandas acima mencionadas faziam essas trocas pelo correio, por exemplo. Se você entrar no site MP3.com, por exemplo, terá acesso a centenas de bandas nacionais, algumas muito boas, mas que nunca tocaram nas rádios. Mas verá também que a língua oficial dessas bandas não é mais o português. A explicação é simples: não existe mercado nacional para novas bandas, cantem em português ou não. Por isso preferem arriscar algo lá fora e - nesse caso - o inglês é imprescindível.



Mas isso não deixa de ser um absurdo quando vemos o tamanho da população brasileira, considerando que o Brasil é o quinto maior mercado fonográfico do mundo. Só que sabemos que são poucos os reais compradores de discos por aqui, que - aliás - estão mais interessados na nova dança da bundinha do que em um trabalho mais elaborado. Graças a esse nosso gosto, um tanto estragado, as gravadoras também preferem não arriscar, nem as rádios, já que têm medo de perder audiência. Como não vivemos em um país com pleno acesso à net, só uns poucos conseguem furar a barreira e encontram bons trabalhos fora da mídia. Exatamente por isso, a internacionalização acaba sendo o caminho mais fácil e com retorno mais rápido. Muitas bandas já conseguiram contratos com gravadoras européias, americanas e japonesas. Tudo bem que isso não quer dizer sucesso e dinheiro, mas é um reconhecimento a mais.



Uma boa parte das bandas que já encontrei por minhas andanças pela net compõem em inglês, exatamente pelas razões acima. Multisofa, Magic Crayon, Rivets, Whisper, Staples, Thee Butchers Orchestra são exemplos de bandas semi-desconhecidas (ou semi-conhecidas), mas com um trabalho muito bom, cada uma com seu estilo. A mineira Whisper - por exemplo - nem site em português tem, o que mostra que o trabalho do grupo não é voltado para terras tupiniquins. O Multisofa, acabou de gravar com uma gravadora japonesa e terá seu primeiro cd distribuído do outro lado da terra. As demais trabalham de forma totalmente independente, mas sabe-se que já foram citadas pela mídia americana, como é o caso do Magic Crayon, de São Paulo.



Mas o caminho inverso também existe. Algumas bandas começam em inglês e depois passam a compor na nossa língua. O engraçado é que os motivos acabam sendo parecidos com os das demais. Passam a cantar em português a procura de uma divulgação maior, só que agora dentro do Brasil, o que é uma verdade, tirando as grandes bandas citadas lá no início (Sepultura, Viper, Angra, Toy Shop), nenhuma outra banda brasileira conseguiu sucesso por aqui cantando em inglês. Cabe aqui um pequeno adendo sobre o "real" sucesso dessas bandas. O Viper e o Angra só estouraram de verdade no Japão, que - sabe-se - tem um público fanático por metal melódico. Do Toy Shop não podemos falar que vendeu milhões de cópias, mas foi uma surpresa para a crítica americana e acabou sendo contratado pela Roadrunner, que também trabalhava com o Sepultura.



E o Sepultura? Esta é realmente a única banda brasileira que posso falar claramente que fez sucesso, que vendeu bem tanto pela Europa, Estados Unidos e Japão. Só aí é que estourou no Brasil. Por aí vemos que não é facil a vida de quem tenta trabalhar no exterior.



Bom, voltemos às bandas que fizeram o caminho inverso - começaram cantando em inglês e passaram depois para o português. Exatamente pela dificuldade de conseguirem divulgação no exterior, aliado ao preconceito que existe por aqui contra as bandas nacionais cantando em outra língua, acreditam que o caminho é realmente o Brasil, e quem sabe posteriormente se aventurem outra vez por outros idiomas. O Maybees aqui de São Paulo e o Sugar Kane de Curitiba são duas que fizeram este caminho. O Maybees era - e é - uma banda respeitada no circuito independente paulista, mas viu que não ia passar disso. A banda acabou e agora com o nome de Supertrunfo, volta a gravar e trabalhar. Já o Sugar Kane apenas parou de cantar em inglês e partiu para a língua pátria. Se vai dar certo ou não, só o tempo pode dizer.



Acaba sendo um dilema: o mercado brasileiro não tem capacidade - ou vontade - de aceitar novos artistas menos pop e partir para o exterior é relegar o mercado brasileiro que, sabe-se lá quando, pode vir a mudar de visão e aceitar o pop / rock. Aí esse pessoal que apostou no exterior corre o risco de se ver estigmatizado, como aconteceu com o Viper que também gravou um disco em português, mas que foi totalmente ignorado pelos brasileiros, além de ter perdido fãs lá fora. O que fazer então? Rezar... Bastante...



Texto originalmente escrito para o site www.viraweb.com.br
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