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Cordel-->SERESTA EM CABO FRIO -- 10/07/2009 - 05:00 (pedro marcilio da silva leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Seresta numa praça de Cabo Frio


Eu hoje estou aqui vivendo este momento lindo
Cantarolava baixo um senhor de cabelos brancos
olhando pra você e tantas emoções sentindo
enquanto olha uma senhora com um certo espanto:
A graça como dançava em baile algum havia visto.
Estariam suas pupilas sendo coçadas por um xisto?
Ou seria sua alma em estado de graça, por encanto!

Bate outra vez com esperanças o meu coração
Um jovem de cabelos grisalhos exultava de alegria
enquanto ouvia Orlando Neves dedilhar seu violão
no compasso em que sempre mantinha a harmonia.
Era a praça, a música, a dança, uma noite enluarada
que nos abraços receptivos de sua meiga namorada
era mais do que apenas dançar: era pura poesia.

Meu coração bate feliz quando te vê, nessa praça
dançando ao som da voz e do violão de Claudinho
que em sua cadeira tem mantido acesa com raça
uma chama de música cantada com luxo e carinho,
alternando muitos ritmos, estilos e temas musicais
Claudinho soma nobreza, as bregas canções banais
enquanto os corações batem felizes de mansinho.

Mas no farfalhar de longas saias e longas madeixas
a bela morenaça que mansamente acabara de chegar
junta-se às outras moças, e vai logo fazendo queixas:
havia muitas damas e quando os valetes iriam chegar?
Quero chorar, não tenho lágrimas, somos a saudade,
dizia ao som do Começar de Novo na praça da cidade;
nas noites que as serenatas são sempre um recomeçar.

Sempre De noite eu rondo a cidade sem te encontrar
quando é sábado e eu não vou à Praça da Bandeira.
É lá que a lua desce do céu e sempre começa a dançar
com Risonho, grande mestre e professor de carreira
que sempre carrega um sorriso em seus passos no salão
como estandarte de um balé feito de talento e paixão
num floreado harmônico de uma dança bem brasileira.



Cantavam,Tu somente tu seguirás os meus passos,
enquanto dança o bolero, o jovem e elegante casal
saindo dos contos de livros dos castelos encantados
como o príncipe e princesa num enlace matrimonial.
Era a praça numa noite que bailavam notas musicais
nas melodias das mais belas canções, das imortais
que nasceram como nasceram as canções de natal.

Um policial disfarçado de poeta só queria dançar
a dança que o poeta gostava de dançar e, dançava
como um Quixote para a musa Dulcinéia admirar
no jeito carinhoso de amar e que muito a abraçava.
Era noite dos tempos de ser o que de melhor se é
e de muito querer a noite mais linda que houver
só para quem através dos tempos sempre sonhara.

Amapola, lindíssima Amapola, cantava o Jorginho
bem enquanto a Lena desfilava sua suave elegância.
Na pista, o quadrado deixava todos bem juntinhos
enquanto no ar reinava a gardênia e a sua fragrância.
Um Pulador de Cerca muito conhecido na rodinha
dos seresteiros, procurava fazer das suas gracinhas,
inócuas tentativas para satisfazer a sua inconstância.



Lo sai, non é vero entoava Claudinho, em italiano,
Que non te voglio piú ele insistia num tom maior
enquanto o Cruz olhava como um bom carcamano
para uma senhora que lhe devolvia um olhar-mor.
Nos seus mais de oitenta anos muito bem vividos.
além de poeta era por sua leveza no dançar, querido
por todos e por todas nessa sua idade, bem melhor.

Deixa eu te amar, faz de conta que sou o primeiro
com seus passos lentos e macios foi lhe convidar
para um fugidio miudinho de um samba ligeiro
que o sonoro cavaquinho de Alex iria apresentar.
Quem sabe até a bela inspiração do cantor AGEPÊ
torna-se mais um combustível no seu jeito de ser
e muito mais gostoso além do jeito dela se chegar.

O Pé-de-Valsa bem apanhado mesmo é o Pezinho
que aproveitando bem a deixa do samba escapulia
e saía convidando as damas já que estava sozinho
e muitas estavam nas mesas, ainda sem companhia.
Quero saciar a minha sede no desejo da paixão;
num Bolero,Valsa, Tango, Fox ou Samba-Canção,
misturando Forró, Frevo, Baião e Xaxado, não caía.



Foi fato comentado que em São Pedro da Aldeia
uma bela morena, sua parceira na arte de dançar
numa certa noite de tão irada, deixou a coisa feia,
ameaçando um paralelepípedo em seu carro jogar.
Noite feia que aí eu comecei a cometer loucuras
e bem seria um verdadeiro inferno uma tortura
que trocou o lado do canal para nunca mais voltar.

Conhecido por muitos como professor pela destreza
com que rodopiava com as damas em volta do salão,
e pela elegância de um Fred Astaire por sua leveza,
se houvesse concurso ele certamente seria o campeão.
Tem sido notada, entristecidamente, a sua ausência
com os lamentos que o desenvolvimento da ciência
ainda não cure a falta de memória do seu cidadão.

Uma outra ausência por uma perda muito chorada
é de Claudete e sua voz em falsete a entoar canções
que falavam de paixões renascidas, reencontradas
em sonhos que a esperança revive com emoções.
Claudete, de súbito, foi ao céu cantar para o Senhor
as mais lindas canções de esperança, paz e amor,
que são capazes, os seres humanos, nos corações.


Pediu amor e devolveu saudade foi a troca infeliz
que um dia ao partir ela lhe deixou como presente.
Tão brutal troca de sentimentos que nunca se quis
quanto a dor da amada que agora se faz ausente.
Ocupando uma mesa e outras três cadeiras vazias
ele só tinha a saudade em um copo por companhia
ao ouvir se eu tivesse um coração pungentemente.

A enfermeira no seu porte de rainha é a nobreza
emprestando solenidade, luxo, encanto e fidalguia
em noites que a voz de Claudinho assume grandeza
só encontrada nos deuses dos sons e da harmonia.
O pedreiro trajando um blazer chegava de bicicleta
e bem na garupa a mulher vestida soberba e eclética
cantava ...estou de mala pronta hoje a poesia...

Quero beijar-te a mão minha querida, entoava
no correto tom contumaz dos bons seresteiros,
um novo cantor, que o público logo aprovara
no seu jeito simpático de cantar e ser festeiro.
Era uma Praça da Bandeira em estado de graça
mesmo quando alguém por desamor ou pirraça
tenta impedir o modo gostoso de ser brasileiro.



Quando a universalidade da música é pura magia
para os pássaros que nas folhagens, adormecidos
são, pelo acalanto dos sons em acordes de poesia
soprando a brisa aconchegantes em seus abrigos.
E cantando Como é grande o meu amor por você
na serena harmonia do desejo inexorável de viver
somos amantes amados ou, simplesmente, amigos.

A Nini com seus cabelos curtos que são de prata
é a testemunha viva que a vida só é bem vivenciada
equilibrando o sonho e a realidade, de ser bem grata
até pelas boas coisas que num amigo foram sonhadas
e cantar demais Prá você eu vivi o meu sonho de paz
e muito desejar Prá você eu sonhei demais, demais
É a Nini, olhando com o coração e sendo olhada.

O Roberto ao ouvir uma canção serena e apaixonada
chamando atenção da esposa, dizia: é pra você, Ção.
Linhares, o Bombeiro, convidando a sua namorada,
saía como um bom pé-de-valsa, bailando pelo salão.
A lua que no céu surgiu não é a mesma que te viu
Fui eu quem primeiro te vi e foi você quem me sorriu
sonhavam os dois bem naquele momento de paixão.


Tem altos, baixos, gordos e também magérrimos;
tem cabelos brancos, pretos e até bem coloridos;
tem da simplicidade ao um glamour chiquérrimo.
tem com o ar sério, sereno e gostosamente festivo;
É o conjunto Começar de Novo, trazendo a magia
sob a batuta de Teno, de canções de amor e poesia
que deixam a pessoa sentir que valeu ter vivido.


É a seresta de uma praça de Cabo Frio em ebulição,
fervilhando de sentimentos serenos e até angustiados
como os de um moço na mesa e seu solitário coração
e os das moças solteiras esperando seus namorados.
Como disse Vinícius A vida é a arte dos encontros,
e pela vida, a caminhada lado a lado, ombro a ombro
pelos sonhos, que bastam ao poeta serem observados.

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