Qualquer coisa de amor distante, ausente,
Mágoa descabida, enferma, farta;
Dor entregue à vertigem do presente,
Sentimento vertido em triste carta.
Qual testemunha, a noite enluarada
Da pena aos movimentos fica atenta
Do compositor, que ébrio em palavras
Afoga a desventura que se assenta.
No verso do destino arquitetado
Fez-se bruxuleante um coração,
E eis que um grito ecoou desesperado
À procura de abrigo no perdão.
Mas quão avassaladora, quão insensata:
“...adeus, meu Amor”, dizia a triste carta.
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