Zé limeira bebeu pinga
E comeu uma buchada
Aí não falou mais nada
La em Itapetininga
Procurou na caatinga
Um lugar pra se deitar
Queria dormir por lá
Caiu num sono profundo
Uma voz do outro mundo
Veio lhe comunicar.
Queria que ele contasse
Estórias para criança
E no meio da festança
A gurizada chamasse
E a todas alegrasse
Com estórias infantis
Deixando a turma feliz
Ouvindo o seu enredo
Esse era um brinquedo
Que alegra qualquer petiz.
Zé limeira acordou
Pensando está dormindo
Sem ter o seu sonho findo
Não sábio se sonhou
Quando a voz lhe falou
Chamou logo a meninada
As reuniu na calçada
Para contar a estória
As que tinha na memória
Para aquela criançada.
Era uma vez um porco mau
Que caçava três lobinhos
Bonitos e bem gordinhos
Na floresta de Macau
Na casa do pica pau
Encontrou a vovozinha
Que ali morava sozinha
Porque ficara viúva
Tomava banho de chuva
Junto com uma fadinha.
Ali tinha um castelo
Que parecia encantado
E um tesouro enterrado
Era da fera e o belo
Coberto de caramelo
Tinha um navio pirata
Puxado por uma pata
Guiado por Peter pan
A praia lotada de fã
Naquela festa na mata.
Uma princesa malvada
Chamada branca de neve
Um hipopótamo tão leve
Era o mascote da fada
Tinha uma voz delicada
Era uma bruxa sofredora
Nas garras da opressora
Sofrendo seu desengano
Ou aprendia piano
Ou voava na vassoura.
Um cavalheiro andante
Num sapo foi transformado
Seu castigo foi dobrado
Por um príncipe ambulante
O gato de botas num instante
Chamou o capitão gancho
Que se aposentou num rancho
Casado com Rapunzel
A filha de um coronel
Sobrinha de Sancho Pancho.
Nos pais das maravilhas
Lá morava narizinho
Tinha um feio patinho
Casado só tinha filhas
Do lobo seguia as trilhas
Para achar chapeuzinho
Naquela cor vermelhinho
Pediu ajuda a um saci
Que morava por ali
E era o seu bom vizinho.
Os sete anãos trabalhavam
Pra um famoso dragão
Fazendo televisão
Numa novela atuavam
Ali os sete falavam
Junto com o perna longa
Veio à feiticeira monga
Trouxe a menina Alice
Defenderam a crendice
Da religião de tonga.
O marque de rabicó
Que era o pai de Pedrinho
Chamou a fada sininho
Que de todos tinha dó
Moradores de Icó
A cidade das formigas
Bruxas e fadas amigas
Da bela adormecida
Menina muito fingida
Nas histórias mais antigas.
Tinha uma enorme trança
Certa gata borralheira
Vivia na penteadeira
Toda cheia de esperança
Num castelo lá na França
Furou o dedo num fuso
O príncipe ficou confuso
Deu-lhe um chá de maçã
A princesa virou rã
E o encanto perdeu o uso.
Foi falando de princesa
E de sapos encantados
De belos cavalos alados
Mas todos tinham certeza
Ali sentado na mesa
Zé limeira relatava
Belas estórias contava
Eram contos diferentes
Todos estavam contentes
E nenhum deles reclamava.
Auto: Daniel Fiúza
03/01/2002
Cordel em homenagem ao grande Zé limeira o poeta do absurdo,Que escrevia metafisicamente.
