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cronicas-->Lagrima no Escuro -- 29/10/2003 - 06:17 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
LAGRIMA NO ESCURO


Hoje prometi a mim mesmo que escreveria uma crónica, nem que fosse para
pedir perdão a Bela de confessar que andei chorando pelas madrugadas e que
meu coração solitário anda com esperanças muito remotas de voltar a
acreditar em muitas coisas que outrora eram meus ícones existenciais.
Essa torre que desabou ainda dói. Estou me equilibrando nos pedaços que
restam. Dia-a-Dia, sem repouso. Usando de todas as armas, entrando e saindo
por todas as portas, pois o mundo e´ cinza e a realidade e´ louca.
`As vezes recebo milagres em conta-gotas e a esperança ameaça voltar. Vejo
muitos discursos, omissões e silêncios de todos os jeitos, mas pouca gente
honesta querendo realmente mudar o mundo para melhor. Que de preferência não
se promovam com isso.
Cada criança, jovem ou velho que vejo na rua sem assistência e´ como um tiro
que recebo. E como tenho visto.
Não e´ bondade da minha parte; e´ indignação estéril.
Sei, não adianta porque o culpado, com certeza, e´Deus. Ele que trate de
recolher seus órfãos.
Como estão bonitos os shoppings, não?
E a segurança, que eficiência de armas, certo?
O mundo... o que sonho hoje em dia, sobrevivendo ao Front, e´achar aquele
mundo que eu tinha na infància, onde a natureza bastava-me. Livre da
exposição humana, caminhar de sobretudo impenetrável, refugiado em outro
tipo de torre: a minha dignidade e os mundos que penso inventar, lendo o
livro dos nobres.
Fico bem só, mas não abandonado entre a multidão.
Se for assim, quero a neve ou as montanhas mais altas. Lutarei por isso,
ate´o ultimo instante.
Sei as belezas dos mundos transcendentais.
Desconfio que os anjos existem.
Tenho uma relação com Deus que não e´ das mais amigáveis. Não gosto de seus
métodos.
Não conheço mais que meia dúzia de homens dignos desse nome.
Os que "vencem" se acomodam na mediocridade. Estão sempre sorrindo,
hipócritas. Aparecem nos jornais, nas revistas e nas televisões dando a
receita. Mas não lhes peçam ajuda. Estão ocupados com o sucesso, cantando os
amores fáceis que podem comprar. Ou sorrindo sempre, ignorando os vendedores
de bananadas e congêneres.
Sempre, desde pequeno, desconfiei da honestidade humana, e a idade adulta
veio comprovar-me que eu estava certo. Não se ama os artistas; se ama o
sucesso.
Faço dessa crónica uma raiva produtiva. A mediocridade e´ um càncer.
Pergunte a alguns desses lideres mundiais se já leram Kafka? Ou o novo
testamento, de fato? De que lado eles ficariam no processo do mundo? Eu sei
o lado deles: o dos covardes.
O mais estranho e´ que viro pra Deus e falo, "camarada", tu me traíste, teu
debito esta´ grande comigo. Ou não tenho direito de negociar?
O mais inútil e´ que tenho aprendido muita coisa, mas nada que me faça
esquecer Baudelaire.
Sim, eu sou pessimista.
Como diria Saramago: "o mundo já tem otimista demais".
Conversando com um padre amigo meu, que sofre de depressão , segundo ele,
disse-lhe que ele que ele não tinha esse direito, abandonar as ovelhas, onde
já se viu?
Ele virou o olhar para o lado direito, pensando, e´verdade, denunciava sua
expressão...
Mas ele não aparece na teve, não escreve livros, não tem cartão de credito
nem Jesus lhe deu poder e gloria. Ficou cinco meses tomando calmantes...
Estranho padre que o mundo não conhece... não dança, fala pouco, não canta,
nada moderno. Mas se um dia eu encontrá-lo no inferno, ficarei feliz. O
rotulo de padre nunca afastou a nossa humanidade solidária e cínica. Nos, os
tristes, nos entendemos.
Sei que escrever e´ um ato de carência e valentia, ao mesmo tempo. E´meu
modo de sentir-me vivo.
Deu-me a penitencia de rezar três Aves Marias para Nossa Senhora do
Desterro, protetora dos exilados...
Bendito Frei, meu amigo!

28/11/2003

Marcelino Rodriguez, autor hispano-brasileiro é poeta, escritor, editor e
> autor de Café Brasil e a
> >> > Ilha, entre outros, pela Luz do Milênio Editora.
> >> >
> >> >Direitos reservados


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