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Artigos-->2001: JK, Jânio, Jango... -- 11/02/2001 - 10:01 (Luiz Adolfo Pinheiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos










Luiz Adolfo Pinheiro (*)







Este ano de 2001 assinala o 40º aniversário de três fatos muito importantes na História recente do Brasil, todos relacionados com os falecidos Presidentes Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart.

O primeiro foi o fim do Governo Juscelino Kubitschek, ocorrido em 31 de janeiro de 1961. Para quem viveu aquele dia, parecia ser apenas o final de um qüinqüênio fecundo, que sacudiu o Brasil de seu marasmo com a realização de 30 metas de desenvolvimento econômico e mais a construção e a inauguração de Brasília, e o início de outro governo que também duraria cinco anos e manteria o País na trilha do progresso e da democracia. Além disso, já estava nas ruas a campanha “JK-65”, que prometia a volta do presidente daí a cinco anos.

A realidade, entretanto, seria diferente – e bem dura. Em 31 de janeiro de 1961 assistia-se, sem se saber, ao fim da Era JK e ao começo de um longo período de instabilidade e de incertezas, de golpes e de contragolpes que varariam as décadas seguintes. O próprio JK seria mais tarde cassado, exilado e nunca mais retornaria à vida pública, muito menos à Presidência, tendo falecido em acidente de automóvel em 1976.

O segundo episódio marcante de 1961, cujo quadragésimo aniversário também se celebra no corrente ano, foi a ascensão e queda do Presidente Jânio Quadros, que recebeu a faixa presidencial das mãos de JK naquele 31 de janeiro e renunciaria ao poder sete meses mais tarde. Em 25 de agosto, Dia do Soldado, ele enviou carta-renúncia ao Congresso na qual alegava que saía por culpa da ação de “forças terríveis”, que o povão apelidaria de “forças ocultas”, em razão da preferência do presidente renunciante por uma boa garrafa de whisky.

Assim como em 31 de janeiro de 1961 ninguém sabia o futuro de JK, também não se poderia adivinhar naquele dia a sorte que Jânio Quadros reservava ao País. Ele chegara ao poder com expressiva votação ( 5,9 milhões de votos, cerca de metade do eleitorado) e muitas esperanças do povo para fazer uma grande administração, que se frustrou em apenas sete meses de governo. E ainda renunciou num momento tal que quase lançou o País numa guerra civil.

Por último, 2001 ainda assinala outro aniversário de 40 anos: a acidentada posse na Presidência da República do vice-presidente João Goulart, o popular Jango, na esteira da crise político-militar que se seguiu à inesperada renúncia de Jânio Quadros. Quando Jânio renunciou, seu vice-presidente estava em Cingapura, na Ásia, de volta de uma viagem oficial à China Comunista, com a qual o Brasil ainda não mantinha relações diplomáticas. Imediatamente os três ministros militares (do Governo Jânio) vetaram a posse de Jango na Presidência da República por considerá-lo subversivo e despreparado para o exercício do mais alto cargo da nação.

Para surpresa dos militares, o Congresso, a imprensa, os Partidos, as entidades de classe, a Igreja, enfim, a opinião pública rejeitaram o ultimato. As próprias Forças Armadas se dividiram, quando o comandante da guarnição do Exército no sul formou ao lado do governador gaúcho, Leonel Brizola (cunhado de Jango), para que fosse dada posse ao vice-presidente, segundo a Constituição Federal em vigor, que datava de 1946. O que se seguiu foram treze dias de frenética atividade política e popular, com o País mobilizado pelo respeito à Constituição. Enquanto isso, Jango prolongava a sua viagem de volta para dar tempo de se encontrar uma solução negociada. Ele voou da Ásia para Paris, de lá para Nova York, daí para Buenos Aires e, então, para Porto Alegre, última escala antes de pousar em Brasília.

Por fim, com a aquiescência do próprio Jango, o Congresso e os militares acertaram a posse do vice-presidente, mas impuseram o freio constitucional do parlamentarismo, aprovado a toque de caixa na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. João Goulart tomou posse em regime parlamentarista num domingo, 7 de setembro de 1961, perante um Congresso lotado. Ele prestou juramento diante do presidente do Senado, senador Auro de Moura Andrade (PSD-SP), para terminar o mandato de Jânio Quadros que iria até 31 de janeiro de 1966.

Na verdade, em 7 de setembro vivia-se mais um engano naquele distante 1961, ano de tantos enganos e desenganos. Ninguém sabia, mas Jango não conseguiria terminar o mandato presidencial para o qual era empossado naquele dia, pois seria derrubado em 1964 por um golpe de estado mal iniciado pelos militares na manhã de 31 de março, e muito bem finalizado pelos políticos civis na madrugada de 2 de abril, quando o mesmo senador Auro de Moura Andrade declarou a “vacância” da Presidência da República, e deu posse imediata ao sucessor constitucional, o presidente da Câmara Federal, deputado Ranieri Mazzilli (PSD-SP).

Mas isto já é assunto para 2004, quando o golpe de 64 também completar 40 anos...







(*) Jornalista e escritor.



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