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Contos-->A TSUNAMI CAIPIRA -- 11/01/2005 - 08:11 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A TSUNAMI CAIPIRA

Fernando Zocca

Brady Pyts e Jennifer Anispompom, antes do anúncio da própria separação, resolveram passear pelo mundo. Não se sabe por qual motivo foram parar em Tupinambica das Linhas.
Talvez fosse porque a bússola do casal, (o sentido interno de direção), tivesse sofrido uma pane grave, ou por ter, o avião particular, em que viajava, sido atingido por desarranjos súbitos.
O par aterrizou no aeroporto municipal da cidade. Tomaram um táxi e foram à rua do Governo, na região central. Então, já calmos, se instalaram no hotel mais chique e decidiram relaxar desfrutando.
Van Grogue acabara de ser contratado, pela direção do hotel, para atuar como garçom, servindo aos hóspedes.
Grogue soube que a empresa recebera uma dupla ilustre, mas desconhecia a magnitude das estrelas. A cidade fervia com a notícia de que ganharia um teleférico. Esse igual a um avião agrícola, voaria rasante sobre as águas turvas do rio Tupinambicas.
- Vai ser o maior sucesso. Ninguém nunca viu isso, por essas bandas. - Falava eufórico, o Van à faxineira Ângela Pamonha, sua colega de turno.
A moça, meio roliça, tentara fazer um regime sério para queimar calorias, mas não suportara as alterações provocadas no seu ritmo e humor. Por isso ela voltou, com força redobrada, aos quitutes e acepipes evitados. Enquanto varria o tapete vermelho, do corredor ela contava:
- Sabe Van - ela dizia feliz - eu não vejo a hora de arrumar um serviço na Prefeitura. Quando essa invenção começar a funcionar, vai ser moleza. O prefeito vai dar 20 anos de prazo para a empresa explorar a concessão. Depois acontece o que aconteceu com o hotel Beira-corgo: ele está até hoje servindo aos amigos dos amigos do partido do prefeito.
Van Grogue respondeu:
- Ah, esses políticos e seus planos mirabolantes. Já cogitaram em fazer uma ciclovia, mas nada se concretizou. Ainda está tudo na cachola empoeirada dos falastrões. A única coisa que realmente acontece aqui é a engorda das contas bancárias dessa gente.
Mudando o assunto Grogue informou:
- Ocê está sabendo que chegou um casal importante do estrangeiro, hoje pela manhã? Eles estão no quarto 29. Quando entraram no hotel perguntaram se havia praia na cidade. Eu achei esquisito o cara perguntar isso. Afinal, ele não sabe que está no interior do Brasil?
Van Grogue continuou:
- Eu falaria que tentaram fazer uma praia acumulando caminhões e caminhões de areia na margem esquerda do rio. Mas fiquei com vergonha de dizer, se ele perguntasse, que a enxurrada, tsunami caipira, quando veio, levou tudo pra baixo, em poucos minutos.
Grogue, respirando fundo continuou:
- Eu não queria confirmar a pecha vigente, de ser a cidade um centro concentrador, da maior quantidade de loucos, jamais vista em toda a história da humanidade.
Ângela Pamonha emendou:
- Ah, coitado do seu Brady Pyts! Está desorientado. Ouvi uma conversa do gerente, hoje pela manhã, e ele dizia ter havido um atentado no aeroporto. É verdade? Ele falava que ameaçaram explodir uma garrafa enorme do gás ziklon B, no terminal. Isso procede?
Ângela Pamonha, apesar do aspecto de baleia velha, porém peluda, igual às capivaras cheias de carrapato, assustou-se quando o gerente do hotel, percebendo a chacrinha que se formava na passagem, acionou a sineta, pedindo ordem no recinto.
Disfarçando ela apanhou sua vassoura, e foi varrer a outra ponta do corredor. Durante o trajeto ela resmungava:
- Tenho de arrumar um emprego de verdade. Uma coisa de gente. Isso aqui, não dá. É muito serviço pra pouco resultado. Se tiver de escolher entre a boina e o gorro, escolherei o gorro.


Fernando Zocca é escritor, advogado e jornalista.


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