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Artigos-->Gutenberg: o pai da imprensa moderna? -- 12/02/2001 - 20:10 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ute Thon, New York 31/01/2001 (SPIEGEL ONLINE)

Trad.: zé pedro antunes



Alguns cientistas americanos se empenham, no momento, em desgastar o legado de um dos pilares sagrados da história cultural do ocidente. Blaise Agüera y Arcas, um físico de 25 anos, e o renomado estudioso da biblioteconomia Paul Needham, da Scheide Library de Princeton, decidiram olhar com a lupa o pai da imprensa moderna, Johann Gutenberg.

Numa análise computadorizada dos impressos por ele produzidos, os especialistas chegaram à conclusão de que as Escrituras Sagradas, com seus mais de 500 anos, não foram impressas, como até aqui se acreditava, com o uso tipos móveis reutilizáveis, mas de um procedimento muito mais tosco, que praticamente nenhum parentesco possuia com os métodos atuais. De acordo com os estudiosos de Princeton, o clássico jogo de chumbo, com pranchas para encaixe e matrizes de cobre, só foi desenvolvido na Europa 20 anos depois de surgida a bíblia famosa, provavelmente por artesãos hoje desconhecidos, que levaram adiante a técnica do mestre.

Os especialistas anunciaram suas heréticas descobertas a semana passada, paralelamente à reunião anual da Bibliographical Society of America no Grolier Club de Nova Iorque. A cena multimedia - situada além da "galáxia de Gutenberg" (M. McLuhan) - pode receber a notícia com frieza, mas entre os bibliófilos americanos ela vem sendo motivo de grande excitação. A história inteira da arte da imprensa teria de ser reescrita, afirmou o historiador Anthony Grafton em artigo de destaque no New York Times, já que "não houve essa heróica descoberta".

Até o momento, não havia objeções ao fato de que, sozinho, Gutenberg tivesse desenvolvido o procedimento revolucionário: o estilhaçamento de um texto em seus elementos individuais, que eram fundidos em chumbo como tipos invertidos na quantidade que bem se quisesse, e depois novamente reunidos em palavras, linhas e páginas para formar a matriz para a impressão. Ou, nas belas palavras da homepage de Gutenberg: "Sem Gutenberg não haveria a reforma protestante, o ensino obrigatório, as edições de Goethe, o iluminismo, o catálogo de fontes bibliográficas e os jornais."

A bíblia de Gutenberg, surgida em 1455, era tida como o primeiro livro a ser produzido em grande quantidade. Needham e Agüera y Arcas pensam ter descoberto, agora, a razão pela qual a primeira edição do best seller mundial, com seus 180 exemplares, alcançou patamar tão reduzido em termos quantitativos. A comparação de páginas idênticas em diversos exemplares do texto mostrou que, tão diferentes, os tipos não poderiam ter saído da mesma matriz. Supõe-se que Gutenberg tenha utilizado fôrmas de areia na produção das pranchas, técnica muito usada em sua época na produção de molduras de metal, crucifíxos e outros memorabilia cristãos. No caso, a forma desejada é moldada em areia superfina. Depois, sobre ela se derrama o chumbo. A desvantagem do procedimento é que, a cada vez que o chumbo é derramado, a fôrma se perde. Assim, Gutenberg teve de tornar a pintar inúmeras vezes os textos latinos na areia - o que explica as diferenças recém-descobertas - em vez de, como mais tarde seria rotina com os tipos móveis de chumbo, substituir os usados por novos do mesmo formato.

Mas os desvendamentos de Needham não vão deixar Gutenberg inteiramente descalço. Antes, eles iluminam o fato de a descoberta da imprensa moderna, como de resto a maioria das grandes descobertas, ter sido na verdade uma joint venture internacional, por mais que os nossos dados e as nossas cabeças se apeguem às ordenações fixadas em letra impressa pela história ocidental. No caso da arte da imprensa, por muito tempo os historiadores do ocidente ignoraram terem sido os chineses, antes de tudo, os inventores do papel. Como ignoraram que também os chineses, há milênios produziam textos em massa com pranchas de madeira ou de pedra, eles que, no século XI, já empregavam a tipografia móvel produzida em fôrmas de argila. Ou que os coreanos, provavelmente 30 anos antes do surgimento do livro de Gutenberg, já trabalhassem com tipos reutilizáveis de metal.

Se o mestre de Mainz tinha notícia desses procedimentos é algo que se conhece tão pouco quanto as circunstâncias exatas da produção em massa de sua bíblia. Gutenberg não deixou anotações por escrito sobre o procedimento que o imortalizou.











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