Eu tava em Propriá,
Pronto pra me apropriar
Do teu amor.
Mas ocê não quis oiá
Pra qui, pro lado de cá,
Onde estou.
Eu fazia um gracejo,
Até te mandava um beijo
Com fervor.
Você me olhou de lado,
Fez até cara de enfado,
Se fechou.
De rogado não me fiz,
A meleca do nariz,
Retirei.
Arrumei o paletó,
Bati, sacudi o pó,
E rumei.
Fui pra perto de você,
Com um jeito de não-sei-que,
Decidido.
Belisquei o seu traseiro,
Na Igreja do Cruzeiro,
Atrevido.
Você se virou sorrindo,
Eu, devagar, fui saindo,
Te chamei.
Sentado no mei da praça,
Coração chei de graça,
Te encontrei.
Um beijo na tua mão,
Arrastando o pé no chão,
Feito um jeca.
Abestado com tua beleza,
Demonstrando minha macheza,
Com a breca.
Um beijo meio forçado,
Um acocho assim, arretado,
Vixe, qui bão!
Um passeio de mãos dadas,
Pra conversar, quase nada
Tinha não.
Na cabeça tanta idéia,
Coração como batéia
A girar.
A música no alto-falante,
Pensando, perdido, distante,
A lembrar.
Agora, aqui na cidade,
Num morno final de tarde,
A pensar.
Naquela que era tão bela,
Mi fitando da janela
Em Propriá.
ASQUELMINTO
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