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Cordel-->VELÓRIO DE POBE, VELÓRIO DE RICO. -- 25/11/2009 - 17:00 (HENRIQUE CESAR PINHEIRO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

A morte sempre nos causa
Um verdadeiro destroço
Quando se trata de pobre
É bem grande o alvoroço
Primeira preocupação
É café, merenda, almoço,

Que deverá ser servido
Pra quem vai velar defunto.
E passa a noite em claro
Tratando de todo assunto:
Do atestado de óbito
E do caixão do presunto.

Mas se o morto for um rico
Pai duma grande família
O velório já se torna
Em verdadeira quizília
Pois ali já se discute
`té divisão da mobília.

Mas se o pobre for casado
E deixar viúva e filhos,
E se não possuir bens
Não haverá empecilhos.
O que tem que dividir
Se muito um saco de milho.

Se morre uma pessoa rica
Anuncia-se no jornal.
Onde o corpo é velado
E a hora do funeral
E um livro de presença
É posto num pedestal.

Mas se o morto for um pobre
Não há qualquer anunciado
Comunica-se aos parentes
E aos vizinhos do lado.
E por falta de dinheiro
Nem o padre é chamado.

Em um velório de pobre
Só choro e lamentação.
Pois por pobre geralmente
Falta grana pro caixão.
E somente no cemitério
Tem um pedaço de chão.

O corpo posto na sala
Para poder ser velado.
O povo entrando e saindo,
Parente desesperado,
Lamentando o ocorrido
E exaltando o finado.

Já no velório de rico
Todo mundo bem calado.
A viúva fica em casa
Só sai no tempo marcado
Direto pro cemitério
Em carro bem equipado.

Um vestido bem discreto
Um véu cobrindo o rosto.
E com a ponta do lenço
Seca um pouco o desgosto,
Se uma furtiva lágrima
Lhe sai a contragosto.

Já a viúva de pobre
Chora de modo estridente.
Que é para todos verem
Como sofre aquele ente
Vez por outra dá chilique,
Desmaia permanentemente.

Em um cortejo de rico
Se vai em belo carrão
No de pobre só bicicleta,
Burro, moto, caminhão
E o povo no meio da rua
Puxando a sua oração.

Quando se vai enterrar pobre
Sai em procissão o cortejo.
Os homens levam o caixão
Para o local do despejo.
Com parada na igreja
Pra encomenda do pejo.

O choro ali se repete.
Ao chegar ao cemitério
É um novo desespero
Verdadeiro despautério.
E o povo consternado
Reza o último mistério.

Na frente as carpideiras
Cantando seu repertório.
Quando se trata de rico
Só se reza no velório.
Ou quando vai enterrado
Ou queimado no crematório.

Depois de feito o enterro
Ricos vão tratar da herança.
Os pobres preocupados
Com suas pequenas finanças.
O que aumenta mais ainda
Sua total desesperança.

Missa de sétimo dia
Vai ser logo contratada
Para o rico bela igreja
Que será bem decorada.
No dia da missa estará
Repleta, muito lotada.

Hinos sacros são cantados
Por coral muito afinado.
Numa acústica perfeita
Por um piano acompanhado.
Um livro contando loas
Com retrato do finado.

Missa pro pobre talvez
Nem mesmo seja rezada.
Se for será numa igreja
Daquelas bem acanhada.
Uma missa bem ligeira
Em que não se ouve uma toada.

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO
FORTALEZA, NOVEMBRO/2009

























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