Políticos de todos os partidos alertam para o excesso de anglicismos, para a estrangeirização
Berlin H.S./upo
Trad.: zé pedro antunes
Uma grande coalizão de políticos de todos os partidos engaja-se expressamente na preservação do idioma alemão ante o fenômeno da estrangeirização.
Há pouco, Wolfgang Gerhardt, chefe do FDP (Partido Alemão Liberal), alertava para o fato no jornal WELT am SONNTAG (Berlin): "A enxurrada de anglicismos, que os meios de comunicação, a propaganda, as descrições dos produtos e, tecnologicamente sustentado, o universo paralelo da internet despejam sobre nós, é uma violência que não provém do povo. Ela lhe é despejada goela abaixo."
O presidente do Parlamento Federal, Wolfgang Thierse, SPD (Partido Socialista Alemão), conclamou a uma resistência da sociedade à "deturpação do idioma". O que, sobretudo na mídia, "acontece em termos de deterioração lingüística e moral é cada vez mais difícil de tolerar". Que os anglicismos e americanismos sejam igualmente banidos das instâncias burocráticas e parlamentares, é o que ele defende.
O governador da Renânia-Palatina, Christoph Böhr, CDU (União Democrata Cristã), exigiu: "A política, a lingüística e a educação precisam agir conjuntamente. Nas instruções de uso e nos anúncios dos produtos escritos em língua alemã, por que não Rechner em vez de Computer, Luftkissen para Airbag, Programm em lugar de Software?"
O presidente Rau (SPD) reforçou o que manifestara há pouco: O "uso inflacionário de americanismos na propaganda e nos meios de comunicação" seria "ingênuo" e "idiota". Antje Vollmer, PV (Partido Verde), vice-presidente do Bundestag, lamentava: "Sem necessidade, os anglicismos altissonantes, ao sabor da moda e incômodos para os especialistas excluem da possibilidade do entendimento muitos seres humanos." O vice-presidente do PDS e lingüísta Peter Porsch exige igualmente mais auto-consciência no trato com as influências lingüísticas estrangeiras.
Hans Zehetmair CSU (União Socialista Cristã), ministro da ciência da Baviera, e Eberhard Diepgen (CDU), prefeito em exercício de Berlim, manifestaram simpatia por uma "lei de proteção ao idioma". Zehetmair: "Compreendo muito bem os esforços do governo francês em manter pura a língua do seu país nos caminhos da ordem. Na luta contra a americanização lingüística, a Lei Toubon , batizada segundo o meu ex-colega de ofício Jacques Toubon, é um documento em prol da consciência de que a nossa própria língua representa um papel a ser preservado." Eberhard Diepgen defende uma "proteção cultural do usuário".
O ministro da cultura, Julian Nida-Rümelin não considera conseqüente o debate sobre uma lei de proteção ao idioma: "Nós não precisamos de uma lei de proteção ao idioma e, com ela, de uma polícia lingüística . O estado não deveria se imiscuir nesse processo, ao qual toda língua viva sempre se acha submetida". Nida-Rümelin alerta para uma restrição ao uso do inglês: "Internacionalmente, em muitos campos nós precisamos de uma Língua Franca". Um fato inequívoco é o inglês ter se tornado o idioma da compreensão internacional tanto nas ciências naturais, como na técnica e na economia. "Quem a isso se opõe nega uma realidade. Mais ainda: impõe obstáculos ao crescente intercâmbio global."
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