Depois de passar no concurso, assumi
numa cidadezinha acanhada lá nos cafundós do
interior do Ceará. Recém instalada, a agência
tinha poucos clientes. Basicamente agricultores
e aposentados rurais.
Lembro-me como se fosse hoje. Todos os
colegas... novatos, sem experiência. O gerente
cuidou de conseguir um companheiro já treinado
para ocupar o único guichê de caixa.
Só não contava com o temperamento “sui generis”
do futuro colega. Duas, três vezes ao dia,
o mensageiro da Teleceará (só havia telefone
no pequeno posto telefônico da cidade) gritava
na porta do banco:
- Telefone prá Chico Doido.
Francisco saía correndo e avisava para
os velhinhos na fila:
- Criancinhas, titio já volta!
Saía correndo e voltava resmungando algumas
palavras.
Depois de alguns dias a gente ficou
sabendo que nosso novel colega deixara umas
dívidas lá prás bandas do Aracati.
Certa feita, contaram-nos o seguinte diálogo
que ele teria tido com o impertinente credor
que todos os dias o importunava:
- Chico, e o dinheiro... Vai mandar ou não?
- Mas rapaz, você ainda não recebeu esse dinheiro?
- Não... Você mandou?
- Não!
E desligou.