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Artigos-->Os quadrinhos e a linguagem escrita -- 29/08/2002 - 09:53 (Hilton Görresen) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
OS QUADRINHOS E A LINGUAGEM ESCRITA





Não se pode negar a influência que tem sido exercida pelas histórias em quadrinhos na formação dos jovens, a partir principalmente da década de 30, quando iniciou a consagração dessa arte. Embora hoje seu espaço venha sendo tomado pela TV e pelo videocassete, as narrativas em quadrinhos continuam fascinando não só os jovens, mas boa parte dos adultos.

O contato diário das crianças com a HQ inicia-se mesmo antes de freqüentarem a escola e, em muitos casos, durante o período escolar convivem maior parte do tempo com os quadrinhos do que com os textos didáticos. E isso pode afetá-las favoravelmente? Cremos que sim. A revista em quadrinhos é, geralmente, a primeira leitura motivada e espontânea da criança. Ela lê porque quer saber o que acontece com os personagens e não para ser avaliada por um adulto. E nessa leitura a imaginação da criança não se mantém passiva, mas, de acordo com Gianni Rodari (Gramática da Fantasia), é solicitada a tomar posição, a analisar e sintetizar, classificar e decidir.

A narrativa em quadrinhos apresenta uma combinação de palavras e imagens, permitindo que a criança exerça suas habilidades de interpretação visuais e verbais. Os aspectos inerentes ao desenho ( perspectiva, cor, simetria, etc.) e à linguagem (gramática, semântica, estilística) combinam-se na formação do sentido da história. Além do esforço intelectual necessário para sua apreensão, a criança desenvolve sua percepção estética.

Ao contrário do que acontece na TV ou no cinema, em que as ações são contínuas, nas HQ as imagens são congeladas, como fotografias. A mente infantil torna-se com isso afeita ao preenchimento dos vazios narrativos, ou seja, da ação implícita entre um quadrinho e outro, o que significa uma forma de lidar com pressupostos, que fazem parte de nosso universo verbal.

Se para os adultos isso é atividade natural, imperceptível, imaginemos o exercício mental necessário a uma criança para entender o que aconteceu, se num quadrinho a Mônica estava furiosa com os amiguinhos e, no outro, esses aparecem “massacrados”.

A linguagem pictórica dos quadrinhos fornece também uma base concreta para a compreensão do texto que a complementa, funcionando portanto como uma ponte para assimilação da linguagem abstrata. Finalmente, as HQ constituem textos de sentido global, que representam interações entre personagens, redundando em atos comunicativos, coisa pouco freqüente nas cartilhas dos primeiros anos de escola.

Por outro lado, segundo as idéias do psicólogo russo L. S. Vygotsky ( A formação social da mente), existe na criança o que se chama de uma pré-história da linguagem escrita, na qual o futuro leitor toma contato com alguns elementos importantes para seu sucesso no aprendizado da linguagem. Alguns desses elementos, que irão influenciá-lo favoravelmente, podem ser encontrados nos quadrinhos: por exemplo, o jovem sabe que o contido nos balões que da boca dos personagens representa o discurso verbal, e sente a necessidade de traduzi-lo de acordo com sua interpretação dos desenhos. É muito comum a criança inventar o texto das historietas, substituindo os diálogos ali contidos por diálogos criados por ela própria.

Há também nas HQ a atração exercida pelos desenhos e pelos personagens, que levam a criança a entrar em seu mundo, um mundo que, por baixo das fantasias, é construído de acontecimentos operados pela ação e pelo discurso.

Embora não substituam a leitura de bons livros, as HQ mostram-se úteis à aquisição e ao desenvolvimento da competência lingüística do jovem ( e competência lingüística não envolve apenas o manejo da língua-padrão, mas a percepção global da situação comunicativa).

Deixando de lado eventuais restrições ao conteúdo de algumas HQ, o que já é outro assunto, é preciso saber explorar as riquezas desse tipo de linguagem, capaz não só de falar por imagens e símbolos gráficos, como de apresentar a língua em situação de uso, dinâmica e atual, vinculada aos atos e aos acontecimentos.





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