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cronicas-->Perdido na Metrópole (39) - O Mundo Gira e a Lusitana Roda -- 05/11/2003 - 10:05 (Silvio Alvarez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Perdido na Metrópole
Silvio Alvarez
Ilustração: Bruno César

Já não sei se vou ou se fico. Já não sei se fico ou se vou. Continuo Perdido na Metrópole, porém, feliz! Tanta gente neste mundo para escolher como assessora e Deus foi me reservar logo uma portuguesa. Helena, minha também vizinha, é maravilhosa. Mas totalmente doida! Como eu.

Fala português. É verdade! Mas o dela é o português - português, e o meu é o avacalhado, judiado e esculhambado português - brasileiro. Quem insistir em dizer que o idioma é o mesmo basta me mandar o endereço. Pedirei à Helena para que vá até o local indicado passar dois meses como assessora da audaciosa e teimosa cobaia e vítima.

Não me vejam como um ser cruel e insensível. Ela está ao meu lado, neste momento, concordando com tudo.

Na realidade, hoje, esta alfacinha (gíria para quem nasce em Lisboa) é o meu braço direito. Cozinha um macarrão instantàneo como ninguém. Além desta globalizada iguaria faz também comida! Sua especialidade gastronómica, entretanto, é o cacetinho com ovo. Lá em Portugal, bem como em algumas regiões brasileiras, cacetinho é o que costumamos chamar de pão! Não aguento mais comer pão com ovo. Estou com cara de ovo!

Helena tinha de ser minha assessora mesmo. Paulo Coelho poderá, quem sabe um dia, explicar melhor o porque. Ela é tão perdida na metrópole quanto eu. Só que ser perdido e português é mais complicado. Nada contra os portugueses, pelo amor de Deus! Quem nunca contou ou ouviu uma piada de português na vida que atire a primeira pedra. Deve haver alguma razão para tanto!

Meu braço direito conterràneo de Cabral precisou resolver um sério problema pessoal. Mandar uma procuração à sua filha Sara, que ainda reside na terrinha, para receber um pagamento pendente qualquer. Quando chegou ao Brasil, há ano e meio atrás, entrou com visto de turista e foi ficando. Ficou e deixou o visto permanente de lado. Resultado? Sem documentação regularizada, nada de procuração e nada de dinheiro.

Resolveu recorrer ao consulado de seu país. Ligou primeiro! Foi orientada a dirigir-se à sede diplomática luso-paulistana. Assim procedeu. Chegou às 9h00 da manhã. Para sua surpresa, foi informada que para ter acesso ao ascensor (elevador) e poder subir ao quarto andar, seria necessária uma senha. Senha para entrar em elevador? Sim. Resultado? Três quartos de hora (45 minutos) numa bicha (fila). Chegando ao andar indicado, de posse da mesma senha, passou na frente de todo mundo certa de que estava certa! Errada! Foi comunicada que era necessária outra senha para ser atendida. Duas horas em outra bicha para ser finalmente atendida. O tempo passou. Sua vez chegou!

- Mas minha senhoura! Antes de vir ao consulado. Deves ir a qualquer notário (cartório), e requisitar o documento. A partir daí retorne cá para que carimbemos a procuração.

Helena rodou a baiana empregando os termos mais vernáculos do calão português! Saiu do consulado meio dia e meia soltando fumaça pelas ventas! Xingou seus compatriotas com as mais finas pérolas da baixaria linguística brasileira recém adquiridas.

Na realidade, Helena é uma excelente amiga e companheira. Um remédio infalível contra a depressão de qualquer mortal. Espirituosa e bem humorada, levanta o astral de qualquer um.

Agora, confiei-lhe a incumbência de atender aos telefonemas do meu home-office-kitchenette. Isso mesmo. Meu "amplo" lar virou um misto de escritório de assessoria de comunicação, ateliê de artes plásticas e sede de agendamento das entrevistas da Net Music, a TV de música da Internet na qual trabalho. A gaja é super simpática ao aparelho e competentíssima. Só tem um probleminha! Ninguém entende o que ela fala. Quem liga para o nosso escritório tem duas opções. Falar com um gago pouco objetivo (eu) ou com uma portuguesa serelepe com linguajar incompreensível!

Este negócio de assessora é puro charme de minha parte. Helena é minha amiga e por acidente de percurso trabalha comigo. Como se não bastasse, é uma webdesigner de mão cheia! Conhece todas as manhas do Genival, meu computador. Tem me quebrado um galhão! Como se não bastasse é uma reikiana de mão cheia. Recebo relaxantes e restauradoras aplicações de Reiki no final do expediente antes de recolher-se ao seu cafofo três andares abaixo do meu.

Quanto a mim? Tenho levado a vida como posso!

Contudo, quem lê esta coluna, deve ter percebido, creio eu, que meu humor andou, algumas semanas, em baixa. A depressão voltou a dar as caras. Mas comigo não violão! Quem desconfiou, acertou. Todavia, além de pretenso escritor, sou humano. Não dá pra fingir em textos autobiográficos que tem como essencial atrativo a autenticidade e a espontaneidade com que tiro sarro de mim mesmo, antes que outrem o faça.

Silvio Alvarez é assessor de imprensa da banda rock pop YSLAUSS, artista plástico de colagem, colunista e apresentador do Programa Perdido na Metrópole no www.netmusic.com.br - A sua TV de música na Internet. silvioalvarez@netmusic.com.br brunoartes@uol.com.br



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