Balas
maria da graça almeida
Uma chuva de interjeição
pingou dos olhos mortiços.
Não era seu aquele corpo
que sobre sua dama
rosnava, feito animal.
Varada pela bala de aço,
na imundície do cortiço,
a saia lilás também tombou.
Despencou do varal.
Do Juvenílio e Gilcélia,
de jeito cruel, contundente,
o gozo interrompido...para sempre.
Agora, tão-só, era fugir.
Esconder-se feito bicho.
Desaparecer. Sumir.
Ocultar-se em qualquer nicho.
Na caçamba do caminhão,
fundidos...homem e lixo.
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