A Arte de Sonhar
Luís Gonçalves
Eu gostava tanto de viajar de avião.
Gostava mesmo.
Eu conseguia ir além da imaginação. Igual um pequeno peixe encantado flutuando nesse imenso aquário aéreo.
Costumava nadar só. Perdido na fauna desse fabuloso mar de estrelas.
Sonhei tanto assim, que um dia uma incrível realidade me libertou.
Deixei de ser uma ficção.
Avião é igual ônibus. Tudo fechado. Mas naquele dia aquela porta se abriu.
Para minha surpresa, algo me arremessou para fora da espaçonave.
Como num passe de mágica fui transformado numa simples linha de pensamento. Apenas um ponto luminoso se equilibrando no firmamento.
Talvez até ilustro os sonhos de algum astronauta maluco.
Bem!... Não sei. Também, não posso dizer.
Será que algum sonhador lembra desse episódio? (...)
Eu ainda me lembro...
De tudo e de todos. Afinal, sou eu a tal fantasia!