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Artigos-->Em vez de se criar uma polícia para o idioma (1) -- 15/02/2001 - 21:28 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Os multiculturalistas manifestam-se contrários a uma lei de proteção ao idioma



O inglês é "lingua franca"

(Julian Nida-Rümelin, em diálogo com Ulf Poschardt: um protocolo)

Trad.: zé pedro antunes



Nós não precisamos de uma lei de proteção e nem de uma polícia para o idioma. O estado não deveria se imiscuir no processo ao qual se acha exposta, sempre, qualquer língua viva.

Muitas pessoas criticam o fato de cada vez mais anglicismos se instalarem no alemão. Posso compartilhar dessa preocupação que assim se expressa com relação ao nosso idioma. Intervenções do estado, no entanto, são um caminho incerto - mesmo porque não se sabe, do ponto de vista cultural, quais transformações talvez adquiriram uma presença tão forte nesse meio tempo, a ponto de representar um avanço conseqüente para o idioma que praticamos. Ninguém gostaria de abrir mão, hoje, dos conceitos românicos que se devem à influência francesa: brünette, maisonette, trottoir ou boulevard. No inglês, aproximadamente 60% das palavras são de origem latina.

Eis o que diz o filósofo Ludwig Wittgenstein: "A língua é uma forma de vida". Por traz dessa afirmação, uma idéia básica: a língua - ou partes dela, palavras e frases - só adquire significado de acordo com o modo como dela nos utilizamos. O uso determina o significado (uso, aqui, no sentido de ação).

Se o levarmos a sério, torna-se compreensível também a razão pela qual são anglo-americanos determinados conceitos que se encontram em contextos de ação, como - digamos - computerindustrie [indústria de computadores] ou pop-musik [música pop]. Em tais contextos usa-se o original inglês - ainda quando nos seria possível encontrar um termo alemão, se necessário -, por carregar consigo todo o contexto de associações, a forma de vida da cultura que ele representa. Há objeções que são o reflexo de posições culturais simplesmente distintas. Uma geração mais jovem, que cresceu com a música pop e com os filmes americanos, pode se haver com os anglicismos de forma diferente do que uma geração com outra experiência como pano de fundo. Muitas pessoas mais velhas têm dificuldades com o inglês e com a forma de vida anglo-saxônica, que só chegaram à Alemanha depois da 2a. Guerra Mundial. Deles, as pessoas da ex-Alemanha Oriental foram mantidas completamente distantes.

O projeto original de Wittgenstein - tal como formulado no "Tractatus" - consistia em criar uma língua artificial capaz de superar todas as ambigüidades e imprecisões da língua cotidiana, permitindo assim que falemos de forma precisa sobre determinados objetos, e garantindo a possibilidade de que, sobre outros, nos calemos. Mas para Werthebach e afins, é preciso manter o idioma alemão conhecido, bem como a forma de vida a ele ligada, ostensivamente distantes, tanto quanto possível, dessas influências. Trata-se de um programa muito diferente, que muito facilmente permite vinculações com a defesa contra as influências externas e, até mesmo, com a hostilidade ao estrangeiro.

O alemão falado de hoje é o resultado de uma quantidade tão grande de influências culturais e de alemanizações que um processo de purificação, retroagindo em séculos, haveria de descaracterizá-lo a ponto de ele tornar-se irreconhecível.

Vale fortalecer as instituições educacionais clássicas com vistas ao fomento da sensibilidade no trato com a língua, mas não convocar a polícia ou as autoridades para garanti-lo.

A verdade é que não se trata apenas do idioma alemão, mas também do padrão comportamental, do humor, do meio e de tudo quanto marca a identidade cultural das gerações emergentes muito fortemente. E isso não apenas no que diz respeito às preferências cinematográficas ou musicais. Uma outra abordagem é - talvez possa soar absurdo - a conquista da distância. Assim, quem aos dez anos de idade já esteve por um longo período num país estrangeiro fala, por exemplo, melhor o respectivo idioma do que um adulto jamais o conseguiria. Retrospectivamente, o indivíduo em questão também vê agora com outros olhos as diferenças a separar, da cultura que o hospedou, a sua própria cultura e o seu próprio idioma, adquirindo então uma nova sensibilidade também em relação ao seu próprio idioma.

Afora isso, há cada vez mais crianças com a sorte de crescer falando dois idiomas, porque os pais descendem de nações ou culturas distintos. Minha namorada é meio-francesa, e até os seis anos de idade só falou o francês. Quando a formação bilíngüe começa cedo, as crianças aprendem de forma lúdica os dois idiomas em questão, adquirindo assim mais facilmente acesso às respectivas culturas. É de se desejar que, desse modo, a competência lingüística continue a crescer, também para o idioma alemão.

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