A alegria
Desde o princípio da sua conversão até ao dia de sua morte, o bem-aventurado Francisco, embora muito severo para com seu corpo, numa coisa punha o máximo cuidado; em possuir e conservar, no corpo e na alma, a santa alegria. Dizia ele que, se o servo de Deus se empenhasse em possuir e conservar a alegria interior e exterior, que procede da pureza do coração, os demônios não lhe fariam mal algum, obrigados a reconhecer: “Uma vez que este servo de Deus conserva a mesma alegria na tribulação e na prosperidade, nós não encontramos brecha por onde entrar nele e fazer-lhe mal”.
Um dia, repreendeu um dos seus companheiros, que se apresentava com ar triste e de semblante carregado: “Por que mostras assim a tua tristeza e a dor dos teus pecados ? Isso é assunto entre ti e Deus. Pede-lhe, por sua misericórdia, que te restitua a alegria da salvação. Diante de mim e dos outros, trata de te mostrares sempre alegre, porque não convém ao servo de Deus aparecer diante dos irmãos, ou dos outros, de cara triste e enjoada”.
Também dizia: “Sei que os demônios me tem inveja por causa de todas as graças que o senhor, na sua bondade, me tem feito. Como não podem me prejudicar tentam faze-lo a meus companheiros. Mas, se nem comigo nem com meus companheiros conseguem os seus intentos , fogem cheios de confusão. Por outro lado, se me acontecer ser tentado pelo abatimento, basta-me contemplar a alegria de um companheiro, para, da tentação e da tristeza, passar à alegria interior”.
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