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Cordel-->QUE COISA LINDA, O SERTÃO! -- 25/06/2010 - 22:42 (WALTER MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
QUE COISA LINDA, O SERTÃO!

--- Walter Medeiros

A minha inspiração
É como uma centelha
Um enxame de abelha
Ou uma chuva com trovão
Em tudo isso se espelha
Até na lã da ovelha
Quando passo no Sertão.

O Céu que se descortina
Com o imenso horizonte
Passa por cima do monte
E por dentro da campina
Contorna assim cada fonte
Percorrendo a minha ponte
Sem dizer aonde termina.

Que coisa linda, o Sertão,
Não existe nada igual
Tem coisa fenomenal
De grande satisfação
Eu acho muito legal
Parece um belo portal
Que mexe com o coração.

É uma vida tão sentida
Que cada um tem ali
No pico do Cabugi
Ou na rua tão querida
Confesso que já senti
Pois essa beleza eu vi
Na minha gostosa lida.

Que bela casa branquinha
O terreiro bem varrido
Para aguçar o sentido
A roseira vermelhinha
Agradando meu ouvido
Inda escuto um sonido
Da passarada todinha.

As pedras monumentais
Que vejo a toda hora
Mistura-se com a flora
De feijão e milharais
O roçado o rio adora
Estendido brejo afora
A beleza é demais.

Junto das carnaubeiras
Que estão em todo lugar
Nunca paro de olhar
Aquela paisagem inteira
O gado todo a pastar
Quando a seca não há
Em volta da arueira.

Quando finda a semana
Aí se vê mais farnel
Todo mundo de chapéu
Tem muita idéia profana
Na feira ou no beréu
Matuto e coronel
Todo mundo até se irmana.

Além de tudo que tem
O sertão tem muito mais
A gente sente uma paz
De pintinho no xerém
Ali até capataz
É sempre um bom rapaz
E não mexe com ninguém.

O sertão que sempre vejo
É o sertão que quero ver
Tranqüilo de se viver
Com gente que quero bem
Vendo o dia nascer
É sempre grande prazer
Quando se encontra alguém.

Uma feliz harmonia
Aquela terra invade
Cultiva-se amizade
Toda noite, todo dia,
Essa é outra verdade
Pois sinto muita saudade
De toda a freguesia.

Para entender o Sertão
É preciso andar a pé
Aprendendo como é
A terra de Lampião
Um povo cheio de fé
Em Jesus de Nazaré
Além do Frei Damião.

Pois foi nesse ambiente
Que um dia um paulista eu vi
Muito orgulho até senti
Em andar na sua frente
Mostrando nossas belezas
Exorcizando as tristezas
Que sumiram de repente.

Quando ele olhou prá estrada
Começou a apreciar
Tudo que via por lá
Com sua fala engraçada
Começou a festejar
Dizendo é um belo lugar
Gente boa e camarada.

De Natal a Mossoró
Fizemos uma viagem
Eu não era o seu pajem
Mas não lhe deixava só,
Ele olhava a aragem
Vendo como todos agem
Pertinho do Seridó.

Era um paulista bom
Que gostava do Nordeste
Mas tem uns cabras da peste
Que não usam um bom tom
Pois na vida se divertem
Com a imagem que veste
De maldizente frisson.

Era um grande jornalista
Que tinha seriedade
Na busca pela verdade
procurava boa pista.
Sua curiosidade
Chegava em cada cidade
Quase fazendo revista.

Ele se impressionou
Quando uma placa viu
Um grande prazer sentiu
Tanto que logo exclamou
Que coisa linda, sutil,
Como é belo esse Brasil
Que lindo interior!

A placa que ele olhava
Tinha escrito Caiçara
Mas o nome aí não para,
Por isso ele se encantou,
Vivendo um belo momento
Debaixo do firmamento
O nome ele completou.

O nome de uma cidade
Parece um nome bento
Cumpriu o maior intento
Caiçara, na verdade
Era a do Rio dos Ventos
Por conta de seus talentos
Virou uma novidade.

Ali mesmo ele parou
E fomos numa bodega
Não somos de fazer pega
Mas ele se esbaldou
Inda hoje ele não nega
Foi uma total entrega
O que ali ele olhou.

Tanto alho pendurado
Em cima da rapadura
Era a maior mistura
Que já tinha enxergado
Bolacha doce, figura,
E a alta temperatura
Que o deixava suado.

Rodeado de menino
Ele começou a rir
Resolveu distribuir
Confeito com todo tino
Quando precisou seguir
Foi mais uma vez sentir
As surpresas do destino.

Viu goma de tapioca,
E como o matuto chega
Comeu queijo de manteiga
Encontrou até pipoca
Lembrando da sua nega
Que todo dia lhe chega
Em seu lar lá na Mooca.

Chegando a Mossoró,
Cidade mais guardiã
Foi procurar Dorian,
Que não lhe deixava só
Ele era um grande fã
E trouxe o maior elã
Mas não dançou carimbo.

Na hora da despedida
Seus olhos lacrimejaram
Disse vocês me mataram
Pois vou deixar minha vida
Nesse chão que me mostraram
Pois vocês me conquistaram
Com tanta emoção sentida.

Já dentro do avião
Ele me disse depois
Que seu feijão com arroz
Agora lembra o sertão
E nunca mais prá nós dois
Deus junto a hora pôs
Não sei cadê ele não.

Termino assim essa história
Tão singela e emocionada
Com minha alma lavada
Pois prá mim foi uma glória
Ver minha terra encantada
Ser em São Paulo cantada
Acho uma grande vitória.
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