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Cordel-->M inhas glosas II -- 08/07/2010 - 22:37 (Eloi Firmino de Melo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Eloi Firmino de Melo [João Pessoa-PB, 26/12/10]

A cultura do povo nordestino
Alimenta de sonho o seu torrão;
Quando a sanha da seca fere a mão,
Ele apela com preces pro divino;
Esperança que aponta o seu destino
Faz nascer recompensa em campo magro.
Repentista que é bom deixa o outro gago
A perder-se nas manhas do improviso.
Vaidoso eu mergulho a ver Narciso
No refletido espelho do meu lago.

A mulher nordestina é tão bonita
Na cidade, no campo ou na lavoura;
Dirigindo uma empresa ou na tesoura,
Num vestido de seda, linho ou chita;
Quem se baba por elas acredita
Que a mulher é a razão do nosso afago;
Seja Ester, Messalina, sem embargo,
Vão tornar a existência um paraíso.
Sendo assim eu mergulho a ver Narciso
No refletido espelho do meu lago.


Eloi Firmino de Melo/João Pessoa-PB:

Bato palmas pros versos de Lucila;
É assim que procede a humanidade:
Tanto frango e peru por sobre a mesa,
Tanta orgia sem fim de bebedeira;
Muita gente nos pés dos viadutos
Bem pior do que foi na manjedoura.
Parabéns por seus versos bem servidos
Ao Primeiro Romântico do Natal.

Qui, 23 de Dezembro de 2010



Eloi Firmino de Melo [João pessoa-PB, 23/11/10]

Sob a luz dos candeeiros
Eu rimava em sete pés;
Nunca sofri um revés
Na estrada dos violeiros;
Nos meus setenta janeiros
Minha musa encanta e brilha;
Nunca fugi dessa trilha
A pular feito um caçote;
Pois quem não pode com o mote
Não pega na redondilha.


Eloi Firmino de Melo [l5/l2/10]

Redondilha se escreve em sete pés
Tenho plena ciência desse fato;
Mas aqui não estou por desacato
A escrever esta minha glosa em dez;
Escusado é pensar nalgum revés
Quando a musa do Olimpo encanta e brilha
A seguir os preceitos da cartilha
Com o rigor e a beleza que a denote;
Cantador que jamais pode com o mote
Nunca deve pegar na redondilha.



Eloi Melo [08/12/10]

Muito velho se parece
Com carro antigo enguiçado
Só pega mesmo empurrado
Ou quando o motor aquece;
Mas se a cabocla aparece
Para honrar sua braguilha,
Ele aí diz: minha filha,
Fui muito bom nesse dote;
Mas quem não pode com o mote
Não pega na redondilha.

*

Eloi Firmino de Melo [João Pessoa-PB, 09/09/10]


Ao nascer minha mãe disse o menino
Tem um sino enfiado na garganta;
Quando chora a família se levanta
Ao pensar que ele está batendo o pino.
Era a força engenhosa do destino
Embalando o meu peito de inocente;
Com a musa apontando à minha frente
A viola, o cordel e o folheteiro;
E esta noite eu retalho o mundo inteiro
Com a peixeira amolado do repente.

Acredito na força e na grandeza
Do cordel como forma de expressão;
Como fosse o tear de um tecelão
Fio a fio a tecer essa beleza;
O poeta tem brilho, tem destreza
E a batuta da musa por regente;
E a viola acompanha o som plangente
Que debulha na voz do violeiro;
Nessa noite retalha o mundo inteiro
Com a peixeira amolada do repente.

*

Maria era tão bonita
Mas tinha um choro escondido;
Por ter plantado no peito
Um mar repleto de ausências.
Primeiro, o pai que se foi
Deixando um fruto no ventre;
Depois a mãe que partiu
Quando o fruto fez-se luz.

*

No passado a batalha de Oliveiros
Numa guerra entre mouros e cristãos
Com a espada brandindo em suas mãos,
Desferindo os seus golpes mais certeiros,
Parecia o cordel dos violeiros
Na garganta afinada do repente.
E a viola soluça feito gente
Entre rimas e motes nessa hora.
Dois poetas brigando o povo chora
Com vontade de ouvi-los novamente.

*

Eu fui alfabetizado
para ler as escrituras,
um livro de capa dura
que meu pai tinha ganhado;
mas eu fiquei encantado
com os versos do pessoal
que improvisava legal
sem perturbar o juízo;
mas no visgo do improviso
a peleja é virtual.

*

Conheci um sujeito no sertão
Corajoso e valente por inteiro,
Acabava o forró e no terreiro
Espalhava a bagunça pelo chão.
Tinha fama de grande valentão
Nas maiores manchetes dos jornais.
E eu mandei um recado pro rapaz
Desistir do seu modo arruaceiro;
Ao saber o meu nome verdadeiro
O caboclo sumiu, não voltou mais.

*

No meu tempo de criança
eu vi muita cantoria;
o violeiro dizia
que tinha um galo à garganta;
e no momento em que canta
parece até um vendaval
destruindo o seu rival
feito chuva de granizo;
mas no visgo do improviso
a peleja é virtual.

*

Ao meu ver inexiste tempo ruim
Cada um vai tocando a sua vida
Para alguns ela faz-se mais comprida
Para outros depressa chega ao fim.
É por isso que sendo o mundo assim
Aproveite o que for especial;
Uma nega dengosa não faz mal;
Bem melhor se tiver algum dinheiro.
Nessa vida lascada de vaqueiro
Todo mundo que entrou é carnaval.

*

Conheci uma dona bem fogosa
Todo mundo botava o olho nela.
Dei bobeira e caí numa esparrela
De artemanha sutil e perigosa;
A morena com lábia poderosa
Me ganhou na conversa e coisa e tal,
Que um chumbrego decerto é natural
E com jeito levou o meu dinheiro.
Nessa vida lascada de vaqueiro
Todo mundo que entrou é carnaval.

*

Na fazenda se aprende a dormir cedo
Por em casa não ter televisão;
E a mulher sob as vestes da emoção
Vai roubar do parceiro os seus segredos;
Dos cochichos ocultos faz-se o enredo,
Das carícias a força do punhal
Que se afunda no leito visceral
Num delírio profundo e verdadeiro.
Nessa vida lascada de vaqueiro
Todo mundo que entrou é carnaval.

*

Se fosse o cordel extinto
do cenário brasileiro;
se ninguém mais escrevesse
um bom cordel verdadeiro;
se não resistissem ao tempo
os que foram pioneiros;
tanto quem escreveu versos,
e até mesmo o folheteiro;
se o bom cordel fosse extinto…
é que tem gente pra pinto
menos pra Pinto Monteiro.

*

Não creio em quizila, azar, bruxaria,
Catimbó, macumba e nem mal-olhado;
Porém comparando o tempo passado
Com as presepadas que tem hoje em dia
O cara direito demais desconfia
Que a vida presente está cheia de azar.
Com um título na mão e sem saber votar
Porque há sujeira manchando a política,
Na cara de pau e sem medo da crítica,
Cantando galope na beira do mar.

*


Plantando uma rosa, colhi margarida;
Joguei no cachorro, perdi no veado;
Torci pro meu time, mas foi derrotado;
No turfe o meu páreo perdeu a corrida.
Saí fumaçando, tão puto da vida,
Que fiz a promessa de jamais jogar;
Mas errei de novo quando fui votar
Que o meu candidato, sendo espertalhão,
Mudou de legenda, ganhou um milhão,
Cantando galope na beira do mar.

*


Mas eu acredito, pois sou otimista,
Que um dia virá em que tudo isso muda;
Sem reza, quermesse, nem ramo de arruda;
Com a força do povo, na hora prevista,
Na marcha da história, sem perder de vista
Que toda sujeira precisa mudar.
Por ser otimista quero acreditar
Que a gente querendo transforma a nação
Com honra, respeito e com educação
Cantando galope na beira do mar.

*

Nascidos na terra seca
Em casa de chão batido
A mulher ouve os gemidos
Das cordas de uma rabeca;
A sua filha sapeca
Dormindo fundo em seus braços.
O pai sentado ao terraço
Escoimando um mosquetão;
Herança de Lampião
O eterno rei do cangaço.

*

Quando o sol das alegrias
For se despedir no ocaso,
Deixando atrás do horizonte
As mágoas de um fim de caso,
Arranquem as flores do vaso
E joguem ao Paranoá,
Porque ali vou ficar
Sentindo a vida melhor,
Com muita gente ao redor
E um cavaquinho a tocar.

*

De manhã cedo na praia
Vi uma moça na areia,
Não tão bonita nem feia
Nem princesa nem catraia.
Porém debaixo da saia,
Tudo que um sujeito quer.
Imagine se puder
O que eu pensei num segundo:
Vi a porteira do mundo
Nas pernas de uma mulher.













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