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Cordel-->A violência pegou Tadeu além da imaginação -- 01/09/2010 - 22:12 (WALTER MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A VIOLÊNCIA PEGOU TADEU ALÉM DA IMAGINAÇÃO

--- Walter Medeiros

Soltei o meu pensamento
Na nossa realidade
Para buscar a verdade
Daqui e do firmamento
E encontrei estarrecido
Alguém que havia vivido
Por fora do nosso tempo.

Era um jovem rapaz
Que tinha uma vida sã
Mas numa certa manhã
Acidentou-se num cais
Ficando sem a memória
No auge da sua glória
E não refletia mais.

Essa jovem criatura
Feliz e estudiosa
Lia poesia e prosa
E histórias de bravura
Em um estado de coma
Ficou em uma redoma
Parado em sua cultura.

Sem ter notícia de nada
Aquele jovem, Tadeu,
Por trinta anos viveu
Com sua mente isolada
De lá dos anos setenta
Aonde a vida era tão lenta
Até 2000 foi parada.

De repente ele tornou
Para surpresa geral
Foi algo muito legal
E todo mundo vibrou
Mas não entendia nada
Com a mente perturbada
Quando um jornal olhou.

A manchete era chacina
Que ele achou chocante
E uma notícia adiante
Da morte de uma menina
Deixava bem mais chocado
Pois não era acostumado
Com tanta carnificina.

Tadeu tava curioso
Pela tecnologia
Pois inda não conhecia
Algo prá si estrondoso
Pois a tevê colorida
Era nova em sua vida
Olhava bem cauteloso.

Mas na tv foi pior
A surpresa que pegou
Pois quando alguém ligou
Ficou que fazia dó
Ao ver o noticiário
Lembrava-se do calvário
Pois sofria até Popó.

E viu buraco de bala,
Arsenal de arma pesada
Gente morta na calçada
Quase ele fica sem fala
Cena de troca de tiro
Tudo num pequeno giro
Que vida desmantelada!

Procurava ser discreto
Mesmo estando chocado
Dizendo-se admirado
Imaginava seu neto
Ao ver nova reportagem
Que mostrava a passagem
Do lixo que tinha um feto.

Atônito com tudo aquilo
Ele aguçava os sentidos
E mais tarde teve ouvidos
Prá um jogo de futebol
Foi a surpresa maior
Sorte é que não tava só
Quando viu aquele rol.

Era um rol de palavras
Que o narrador dizia
Como se o bem que havia
Tivesse ido às favas
Tudo era violento
Mesmo não tendo intento
De deixar pessoas bravas.

Tiro, canhão, artilheiro
Atacar e agredir
Ofender, matar, fugir,
Ele ouviu o jogo inteiro
Parecia uma guerra
Mas bom cabrito não berra
Ele inda tava cabreiro.

Aos poucos em sua mente
Lembrava do far west
Revistas, filmes - que teste!
Bang bang entre valentes
Mas como era ficção
Não cortava o coração
Era muito diferente.

Agora, bem ao seu lado
Violência e ameaça
Não podia ir à praça
Para não ser assaltado
Ou encontrar traficantes
Que em questão de instantes
Deixam tudo arrasado.

Que tristeza se abatia
Dentro do seu coração
Será que viveu em vão
Um tempo sem serventia?
Pedia a Deus prá ter fé
Pois sabia como é
Muito duro o dia-a-dia.

Dentro do seu coração
Palpitava um alvoroço
Era o fundo do poço
Uma banalização
Da vida do ser humano
Queria que fosse engano
Ou só uma ficção.

Mas tudo ia mais longe
Pois quando alguém não matava
O doente não escapava
Não tinha mais atenção
E gente morrendo a míngua
Inda dizem que é a língua
De alguém da televisão.

Pois foi lá mesmo então
Que uma notícia triste
De um fato que persiste
Causou grande comoção
Uma pessoa morrer
Pelo fato de não ter
Uma simples injeção.

É preciso ter cuidado
Com o nosso idioma
Pois sinto forte sintoma
Que é muito arriscado
Usar palavras pesadas
Violentas, carregadas,
Para tudo que é lado.

Disso tudo o pior
É que a ruindade domina
No trabalho, na esquina,
Filho, pai e até avó,
Um triste palavreado
Imoral, mal educado,
É uma feiúra só.

Não fica só por aí
Pois hoje em qualquer escola
Nem o diretor controla
Até eu mesmo já vi
Meninos, jovens, meninas,
Gritando coisas ferinas,
Que não dá para sorrir.

É uma mistura feia
De traficante de droga
Com um som que não empolga
A quem preza a vida alheia
Destruindo uma nação
Que anda na contra-mão
Onde já falta cadeia.

Nosso amigo estatelado
Começou a reagir
Dizendo que ia sair
Falando prá todo lado
Contra essa situação
Mesmo parecendo em vão
E até ficando marcado.

Como tudo é difícil
Na nossa sociedade
Mesmo falando a verdade
Acharam que era indício
De alguma outra doença
Pois é assim que se pensa
Neste país de suplício.

Arranjaram logo um jeito
De diagnosticar
Que ele ia precisar
De voltar para um leito
Consideraram anormal
Sua saúde mental
E tiraram seus direitos.

Aquele homem já são
Que via a realidade
Só por falar a verdade
Provocava aversão
Foi prá novo sacrifício
Internaram-lhe no hospício
No mais grave pavilhão.

Sumiu pelo corredor
Numa camisa de força
E não tem ninguém que torça
Por aquele sofredor
Foi mais uma conseqüência
Do mundo de violência
Que no Brasil se instalou.

FIM
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