Em meados dos anos oitenta o ex-governador do Estado do Paraná foi candidato a prefeito de Curitiba. Sem condições financeiras para competir com os outros, aproveitou o espaço em sua própria emissora, a TV Iguaçu, para desencadear uma grande campanha de acusações contra os demais.
A população achou que Pimentel acusava por não ter nada a oferecer aos cidadãos, e votou nos outros. Paulo Pimentel, que durante anos havia sido um símbolo de respeitabilidade, nunca mais se ergueu politicamente, ficando sempre na periferia do partido, marcado pela campanha fracassada.
Outra vítima de campanha de acusações contra o sistema de governo foi na época Maurício Fruet. Ele e outros candidatos bateram na falta de justiça social da cidade de Curitiba. Na época Jaime Lerner emplacou Rafael Greca. Greca apelou para que os curitibanos votassem em quem não falasse mal da cidade. Esclareça-se que falar mal era mostrar a realidade das favelas, o que contrariava a propaganda oficial de cidade do primeiro mundo.
Deu certo. O povo curitibano, orgulhoso e devidamente estimulado em seu orgulho acabaria mais tarde elegendo também Cássio Taniguchi, da equipe de Lerner e Greca. Isto fez com que os curitibanos desenvolvessem durante longo tempo um pensamento de auto-suficiência, só abalado há dois anos, quando surgiram denúncias de corrupção na prefeitura, estourou um grande escândalo na administração de Jaime Lerner e por menos de 30 mil votos o candidato Vanhoni do PT quase levou a eleição.
Em Curitiba os eleitores aprenderam que um candidato só merece credibilidade quando apresenta propostas, e não dão valor aos candidatos que apenas denunciam.
No caso de Cássio Taniguchi, a justiça já descobriu o caixa dois da campanha, mas o processo é tão enrolado que só vai ser decidido, se vier, quando o homem estiver abandonando o cargo.
E graças ao bom trabalho desenvolvido pelo PT paranaense, que é considerado leve em relação a outros estados, é possível que este ano o Padre Roque seja eleito.
Setores tradicionais da sociedade paranaense estão vendo que os candidatos que outrora apresentavam sorrisos se provaram fracos diante do poder, apaixonados por cafezinhos múltiplos.
É por isso que uma campanha de gritaria pouco resolve. A gritaria exagerada em busca de votos pode acabar como um tiro pela culatra.
