O Canto da Aurora através dos tempos dos deuses e dos homens
--- Walter Medeiros
A manhã que nasceu linda,
Mesmo com o tempo frio,
Preenche qualquer vazio,
E por mim ela nem finda,
Pois com olhos de criança,
Vou guardar uma lembrança,
De quem andou de berlinda.
Antes que ela vá embora,
Renova a minha vida,
Com seu ar tão colorida,
Transformando a aurora,
Vou falar de inspiração,
História e emoção,
Coisa que o mundo adora.
Primeiro, vou perguntar,
Como já me perguntaram,
E a resposta imaginaram,
Pela terra, Céu e mar,
Qual o momento exato,
Em que a aurora é um fato,
Para a gente contemplar...
A partir de que momento,
A aurora anuncia,
Que teremos novo dia,
E que o sol é iminente?
Tal pergunta, quem diria,
Que um dia alguém faria,
Desafiando a mente...
É algo muito profundo,
Mas temos de refletir,
Quando a aurora surgir,
Pois é um microssegundo,
Não podemos desistir,
Nem hoje nem no porvir,
Da terra e de todo mundo.
Essa questão que propus,
Faz lembrar Adão e Eva,
Que conheceram as trevas,
E o sonho que nos conduz,
Vivendo em nossa era,
Ninguém mais se desespera,
Pois as trevas viram luz.
A aurora representa,
Desde tempos mui remotos,
De quando nem tinha fotos,
Algo que nos alimenta,
Pois desde o raiar do dia,
Traz um ar de alegria,
E o coração acalenta.
Arauta de um novo tempo,
De uma nova condição,
Não é um momento vão,
Pois cumpre o seu intento,
Em suas cores mutantes,
Inspiradores instantes,
Dissemina com seus ventos.
Com beleza indescritível,
Esse matiz que demarca,
Deixando uma forte marca,
Em demonstração incrível,
Mostra o ciclo da vida,
Sempre bela e colorida,
Felicidade é possível.
Divindade lá do Céu,
Eos era a Aurora,
Irmã de Hélios, que agora,
É o sol; que escarcéu!
A outra era Selene,
Que de forma tão solene,
Chamaram lua, sem mel.
Eos quer dizer “brilhar”,
Homero a descreveu,
E o mundo entendeu,
Como a deusa que abrirá,
Com róseos dedos, amada,
O portal da madrugada,
Para o astro-rei passar.
Biga púrpura a guiar,
Rédeas multi-coloridas,
Animando nossas vidas,
Aurora vem refrescar,
Traz as brisas matinais,
Acorda todos mortais,
A luz vem sempre espalhar
Abre as pálpebras do dia,
Enche o campo de orvalho
Fazendo grande trabalho,
Que nenhuma outra faria,
A filha de Hipérion e Téia,
Orienta a panacéia,
Inspira muita poesia.
Com seus cabelos bem soltos,
Esvoaçantes e belos,
Asas, raios amarelos,
Nela tudo fica envolto,
Leveza e agilidade,
No campo e na cidade,
Passa até no mar revolto.
Tida como caprichosa,
Porém algo passageira,
Sua paixão bandoleira,
Tão volúvel e charmosa,
Casou-se com o Astreu,
Que logo então lhe deu,
Quatro filhinhos sem prosa.
Dois ventos ela pariu,
Zéfiro e Bóreas também,
Noto e Heósforo, além,
Muito amor ela sentiu.
De beleza inefável,
É a irmã mais amável,
Desde que o sol surgiu.
Abre passagem prá Hélios,
Que Leva a vida ao mundo,
Segundo após segundo,
Fazendo os dias belos,
Despertando sentimentos,
Amenizando tormentos,
E alimentando os prelos.
Por fim, uma reverência,
Faço pra me retirar,
A aurora vai chegar,
Quero ver com paciência,
Tudo que vai me mostrar,
Na longa linha do mar,
Isso tudo é uma ciência!
FIM |