Mudando
Andar por ai identificando cada árvore, cada planta, só para não esquecer de onde eu venho e que fazia delas um refugio e agora é dizendo que conheço seu fruto que me escondo pela cidade.
Dirigindo carro de verdade, entediado, esqueço que nos domingos, enquanto meu pai dormia depois do almoço, entrava no seu carro e fazia longas viagens sem sair da garagem, às vezes abria as portas do carro, no mesmo angulo, ai eu voava.
Hoje fico muito tempo em casa, não me pergunto porque minha mãe brigava comigo sempre, depois de longas horas fora de casa, pelos quintais, pelos rios, entre cafezais.
Alguém que precisa ser saudoso, contar para si mesmo todas as histórias que só ele conhece apenas pra não esquecer quem é. Alguém que já não é o moleque do interior, que brincava de gente grande, que sumia por todos os cantos.
Hoje não é o homem que nasceu pra ser, é o guri que feito homem tem que refazer todos os caminhos que percorreu, por pensar que poderia ter feito melhor, por saudade de tudo que fez.
Sabe que são estas coisas que fizeram o menino amadurecer, perder-se do menino. Mostrar para o homem o que ele é, falar sobre coisas que não mudam, sobre árvores que terão os mesmos frutos mesmos que escondidos na fumaça da cidade, que é possível voar mesmo sem sair do transito. Talvez seja o grande propósito deste garoto, guardado aqui dentro, que resiste e não muda.
Lukacs.
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