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Contos-->FOME... -- 28/02/2005 - 22:50 (Cora Maria) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Senta aqui seu moço, que hoje eu vô te conta dessa dor que chama fome e num para de me incomodá.
Nóis vinhemo do Nordeste, fugindo lá da peste, da sêca que num dexô meu pai trabalhá.

Mãe matô o resto das galinha que nóis tinha, arrumô nossas trôxa e vinhemo pra esta cidade grande a sorte tentá.

Pai dizia: Vamos, meus fio que nossa vida vai mudá.
Cidade grande trabaio num vai fartá e de fome nunca mais oceis vão recramá.

Cheguemo aqui com tontura, eu mais meus irmão fiquemo inté besta de vê as vitrine cum tanta gostosura.
Vi tanto carro, tanta rua, tanta casa e pensei que arguém ia dá uma pro meu pai, tem tanta aqui que num vai fartá...

Eu num sabia que todas tinha dono, foi difici pro meu pai me expricá

Nois entendeu que debaxo do viaduto nois ia ficá.

Senti farta do casebre que nóis tinha nas banda de lá, fome nóis também passava, mais num via essas vitrine cheinha de comida que nenhum home dá...

Mãe, mais pai, pegô papelão e fez nossa cama no chão, nossas troxas de ropa serviu pra embruiá eu e meus irmão.

Pai andava de dia preguntando se arguém sabia onde é que o pão ele podia ganhá, chegava a noite com cara de desilusão...

Esta mardita da fome num larga de nóis não...

Hai.. Que dor na barriga e se eu chorá mãe vai dize:
Guenta meu fio, que hoje teu pai vai vortá com arguma coisa nas mão.

Vamo rezá pra seu pai consegui catá bastante papelão e arguém abençoado dá uns troco pra garanti um pedacinho de pão.

Revortado com a tar situacão, fui lá no lixão, fucei nos saco e achei uns resto que dava de come e mata a mardita...

Fui enchendo o saco dos resto que os home joga fora, mas que nóis aproveitemo pra faze uma alimentação, tinha gosto azedo, mais a mardita, de noite num incomodô nóis não...

Achei inté sapato pro pé de meus irmão, que tava machucado de tanto pisá no chão

Um dia a sorte bateu parma no pé do viaduto, corri pra vê, era um home bem vestido que veio ofertá o resto da festa do fio.
Mãe chorô e disse pro home: Brigadu seu Dr. Hoje o Pai do céu te deu o endereço da fome e pra cá te mandô.

Eu preguntei pro Dr. se o fio dele ia demora pra aniversariá de novo.

O tar home foi embora, e nois se pois a revirá os pacote com tanta gostosura que me alembrei das coisa que eu vi lá na vitrine da rua.

Nessa noite eu mais meus irmão durmimo sem recramá, a mardita fome foi embora, mas sabia que logo ela ia vortá...
Mãe durmiu sem escutá nossa barriga roncá, só o barulho dos carro em cima do viaduto a passá.

Fiquei de olho na esperança do tar Dr. vortá, e falei pro Pai do Céu se o Dr. tinha perdido o caminho que fizesse ele de vez em quando se alembrá.

Tô te contando isso seu moço pro se ficá sabendo que nóis precisemo da esmola, da comida que os home joga fora.

Amanhã eu nun sei não, se a morte vai agarrá eu, meus pai, ou meus irmão.
Nóis só sabe do dia de hoje, mas amanhà, nóis num sabe não...

Pai continua catando papelão, e eu vou lá pro lixão, assim nóis vamo garantindo a vida que não era essa que nóis queria não...

Sabe seu moço, leva minha história pra este mundão afora, quem sabe nóis que vive na rua, vamo encontra arguém que nos chame de irmão e tenha piedade desta nossa situação.

Ajuda nóis seu moço, a vivê numa melhó condição.

Inté mais vê,

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