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Cronicas-->Ela nunca podia... -- 19/11/2003 - 22:45 (J. C. Menezes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

"Ela nunca podia.
Nunca.
Estava sempre apressada, correndo, sempre com coisas para fazer no escritório.
Não era fuga não. Ela tinha mesmo coisas para fazer.
Coisas que ELA mesma programava para fazer. Ou seja, ela era o seu próprio carrasco.
Nunca podia. Nada.
Um sorvete. Um café tranquilo. Uma caminhada
Ou mesmo uma mirada nos olhos, para nos descobrirmos novamente.
Mas, não.
Nunca. Despedia e saía com pressa, depois de um beijo que nem molhado era...
Mas hoje, não sei porque, hoje está sendo um dia especial.
Tão especial que nem quero pensar.
Eu sempre a esperava. Sempre. Ela era um prêmio que todo homem queria ganhar. E eu o ganhei. Ganhei mesmo, foi-me entregue sem engano.
Ela me entregou o seu coração.
Eu sei que ela ainda está lá, lá dentro dela mesma, se
criticando por estar assim, por correr assim. Eu sei, e é
por isso que eu a espero. Sempre. E sempre a esperarei.
Mas hoje...
Hoje, diferentemente, ela não saiu correndo após o almoço.
Continuou sentada à mesa após haver terminado. Uma calma
antiga a envolvia.
Olhamo-nos nos olhos e...surpresa. Ela estava lá.
Ela estava ali comigo. Depois de tanto tempo.
Ela estava ali. De volta. UAU!!!!
Não sei por quanto tempo, mas hoje, hoje...ela estava ali.
Ela percebeu a surpresa da minha descoberta e sorriu.
Esticou o braço e segurou na minha mão como se segurasse uma peça de cristal finíssima, que poderia quebrar a um toque mais brusco.
Esse toque...esse toque carinhoso...foi assim um pedido
de perdão, de desculpas, de compreensão...de paciência...
mas...de amor. Sobretudo. de amor.
A gente sabe, não é ? A gente sempre sabe quando é assim.
Então, o convite para sairmos e tomarmos um café.
Levantamo-nos e saímos. Meu coração batia forte, forte
como...ora, como sempre batia mesmo, quando eu a via, mesmo quando ela NÃO me via...
Saímos de mãos dadas.
Mão presas uma na outra. Sófregas uma da outra.
Eu sentia cada milímetro da mão dela. Sentia o calor da
mão dela, sentia a textura da mão dela, sentia a pressão
dos dedos dela no meu, sentia o peso da mão dela na minha.
Sentia como há muito tempo eu não a sentia.
Caminhamos, calmamente, sem falarmo-nos.
Palavras não eram necessárias.
Falar o que?
Nossas mãos seguras, que balançávamos no ar, devagar, como uma dança...O meu corpo que roçava o dela, na caminhada...O perfume que exalava...(esse perfume, eu mesmo o havia comprado para ela...Mas esse perfume trazido junto com o cheiro dela...era algo maravilhoso de sentir...)
Tudo isso já era uma linguagem, era comunicação intensa, onde as palavras não eram necessárias.

Meu coração batia forte, eu já disse, não é?
No Café, sentados, pedimos café e água gelada.
Minha mão repousava sobre a mão dela. E eu a acariciava lentamente, como se eu não acreditasse na presença dela, já que, naquele mesmo momento, naquele exato e profissional horário, ela não poderia estar ali comigo.
Ela teria que estar correndo, ditando ordens para um executivo qualquer no escritório, atendendo telefonemas importantes (eu sei que são telefonemas importantes...), resolvendo questões cruciais...afinal, era o último dia útil
do mês !
Mas, hoje não.
Hoje, ela estava dedicando aquele horário, especialmente para mim, para nós...
Aquele simples e maravilhoso café, após uma caminhada de mãos dadas...
O que? Quanto tempo? Uma meia hora?
Um princípio da tarde...Uma brisa fresca...Sons apenas percebidos de longe...Afinal, eu só ouvia claramente os sons da respiração dela e o bater do meu coração...

Quando ela se despediu, já no volante do carro, olhei-a no fundo dos seus olhos brilhantes...
Suspirei...Ela me deu ainda esse tempo.
Um tempo para eu suspirar após olhá-la.

E eu sorri. Um sorriso, eu sei, que iluminou todo o quarteirão Ela sorriu de volta. Um sorriso cúmplice. Tão doce e tão luminoso e brilhante quanto o meu.
E percebemos, naquele momento, que havíamos ganho um presente. Eu e ela.
Nós.
Confirmados e renovados, nós.
Transparentes, nós.
Suaves e doces, nós.
Amorosamente, nós.
Novamente, nós."


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