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Cartas-->(SÓ MUDARAM AS MOSCAS... ) A ESQUERDA E A TOMADA DO PODER. -- 17/06/2003 - 06:37 (Emilio Carlos Alves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A ESQUERDA E A TOMADA DO PODER ( ou mudaram as moscas...) –Artigo. –Emílio Carlos Alves.


“Navegando” pela rede acessei o site do JB on Line e descobri uma coluna de notas antigas publicadas no jornal, século passado, uma espécie de coluna do leitor:

Jornal do Brasil- 6 de junho de 1923.
Ao Sr. Oiticica: Não conheço V. S. Lendo sua prosa, verdadeiro palanfrório anarquista jogado na hospitaleira boca de leão de um diário carioca, nós todos, fascistas, tivemos logo a impressão de ser V. S. doente do fígado, feio, cabeludo, de olhar torvo, tipo assim como Lênin, ou Trotsky, cheio de ódio contra todos os seus semelhantes, para se vingar da natureza que lhe foi madrasta... . (Luigi Sciutto)

A nota acima, retirada de uma correspondência entre leitores do JB, demonstra que a luta entre a esquerda e a direita vem de longe, eu diria do pleistoceno. Já naquela época, seus integrantes ou simpatizantes se digladiavam, num enfrentamento que chega até nossos dias.Se bem que as coisas e os objetivos naqueles tempos eram bem mais bem definidos. Hoje há muito pouco de ideologia e muito de interesse, a ponto dos extremos quase se tocarem...

Numa questão, todavia, as situações se igualam, as inspirações filosóficas são apartadas, esquecidas, dando lugar a um, único pensamento, quando se trata do exercício do poder.Sim, porque até a sua tomada, seja pela força das idéias; pelo convencimento do povo (massa de manobra) ou pela força das armas, inspirada de certa forma por uma ideologia; não se tem a menor dimensão do que acontecerá.

Quando se conquista o poder - não importa de que forma - entra em cena uma outra preocupação, esta de ordem puramente pragmática: o exercício do poder e a sua manutenção. “É aí que a porca torce o rabo”. O ser humano só é verdadeiramente conhecível quando detém o poder. Seja ele em que escala for.

Alguém já disse, referindo-se ao então tenente Napolione Buonaparte, “quando se quiser conhecer bem um homem, dê-lhe uma espada”. Por sua vez, o então tenente que comandava um pequeno destacamento durante a Revolução Francesa já, naquele momento, dava mostras da sua liderança e, bem como das suas aspirações, ao declarar que:” o punho desta espada pertence à França, mas a lâmina é minha”.

O líder - seja ele em que escala for - só pode ser realmente avaliado e reconhecido, quando no exercício do poder. É aí que o ser humano demonstra através de seus atos a sua verdadeira face. Até esse momento, qualquer avaliação peca por falta. Todo líder ou toda liderança tem muito de César e Napoleão,com algumas pitadas de Hitler;Stalin. Há também alguma coisa de Cristo, de Ghandi, de Buda, de Maomé e de Moisés; isto sem falarmos de Churchill,Roosevelt, Mao, Bush e, porque não dizer,até de Fidel e Saddam.

Transportando a questão para o Brasil e” baixando bem a bola”, vemos que as nossas lideranças tem toques de D.Pedro I, de Floriano Peixoto, Getúlio Vargas, de Jânio, Juscelino e etc. Há também, quer queiram ou não, alguma coisa de Castelo e Médici, passando pelos 2 Fernandos (o Collor e o FHC). Sem falarmos nas lideranças ideológicas de Prestes, de Plínio Salgado.e do civilismo de Rui Barbosa.

Em muitas dessas figuras há o traço inconfundível da liderança, que é o carisma, definido como uma força inata de certos homens que afloram em determinadas circunstâncias históricas, segundo pensava Max Webber. O carisma é sempre um poder fantástico, de caráter quase mágico, reconhecido pelos seguidores na pessoa e na personalidade dos grandes líderes. A palavra vem do grego, com o sentido de "graça concedida por Deus", e mantém na acepção moderna esse caráter místico e de certa forma religioso.

Aproveitando o gancho, eu diria que inegavelmente o Sr. Lula da Silva tem traços de liderança inatos, é líder na acepção do termo. Afinal elegeu-se Presidente da República com uma votação estrondosa. Ele, um sindicalista de carreira, metalúrgico e torneiro-mecânico de profissão. Sem grandes preparos intelectuais, mas intuitivo, acostumado ao debate, ao discurso nas grandes assembléias dos sindicatos do ABC paulista e, sobretudo, falando o mesmo “português” da grande maioria dos brasileiros.

Alguns dirão que o Sr. Lula-presidente, não é mesmo Lula sindicalista.Na verdade, o Sr.Lula-presidente hoje e durante a campanha passou por uma verdadeira metamorfose. A sua figura, a princípio um pouco rude, foi sendo burilada e adaptada para o exercício do poder. Daí o tratamento estético, barba e cabelo aparados, os ternos Armani, a correção de postura, aulas de dicção e etiqueta, maior cuidado com a linguagem, notadamente com os “menas” , os “de quês” e afins.

É óbvio que isso era um preço a ser pago, um esforço no sentido de convencer parcela importante do eleitorado, integrada pelas elites intelectuais e classes “A e B”, a perder o “medo” de votar num candidato representante da esquerda e do PT. No final, como todos já sabem,“a esperança venceu o medo”.

Mas que medo era este?. Medo do que? A resposta é simples, medo de rompimentos dos contratos e acordos, principalmente com o FMI e outros organismos internacionais, alta do dólar, retorno da inflação, medo das políticas e ações pregadas historicamente pelo PT oposição, etc.

Na verdade, a figura bruta do líder foi sendo lapidada poucos, num autêntico processo de transformações visando a conquista do poder.Acresça-se a isso, a equipe do PT com auxílio de “marqueteiros”, articulando e praticando estratégias efetivas, promessas e pré-acordos com seguimentos importantes da sociedade, tais como banqueiros, industriais, empresários e representantes de interesses multinacionais, no sentido de se manter a base da política econômica de inspiração neo-liberal, tão criticada pelo PT-oposição.

Acertados esses pontos que representavam “ o Grande Medo “ tão bem transmitido na interpretação de Regina Duarte e digno de prêmios do gênero, estava rompido o último ponto de resistência à subida do líder e, por conseqüência, do PT ao poder. E, mais uma vez o povo - “massa de manobra” - acreditou”. E o nosso líder, uma vez lá, continua com o mesmo tom do discurso, mas a prática se revela outra.

Bem, como já disse, uma vez conquistado o poder., vem a parte mais difícil que é manter-se nele. Para isto é necessário deixar cair a máscara e mostrar cada vez mais o rosto, que já não é mais o rosto do líder. Ao contrário, tem a cara do PT, autoritário, repetindo frases de efeito, utilizando-se do modelo neo-liberal na economia, controlando a inflação na base da alta dos juros, asfixiando os setores produtivos, gerando recessão, desemprego e com isso mais informalidade, afogando a Previdência Social e pondo a culpa nos Servidores Públicos.
Não satisfeito, promete aumento de vencimentos de 1% aos Servidores Públicos, após longo período sem reajuste; ameaça taxar os aposentados em mais ou menos 11%. Além disso, continua com a “sangria” que representa a remessa de dólares para o exterior para atender à política do FMI. Em suma: Tudo aquilo contra o qual lutou o modesto partido fundado pelo líder e por outros trabalhadores e intelectuais de esquerda, num momento difícil da história brasileira, está sendo desmistificado, destruído e mostrado a quem quiser ver, após a tomada do poder.

Alguns poucos integrantes da base governista, coerentes com seus princípios, os agora chamados “radicais” por seus pares, mantém suas posturas na defesa das bandeiras históricas, tentando salvar pelo menos suas consciências. Ameaçados pelo tacão do autoritarismo do agora governo, com a destruição de suas carreiras políticas, expulsão dos quadros do partido, etc. Enquanto isso, o líder negocia e faz alianças com elementos e partidos da oposição, com vistas à aprovação de reformas segundo modelos impostos pela comunidade financeira internacional, em troca de ministérios, cargos e outras vantagens... numa reedição da política do “é dando que se recebe”.

É como se diz popularmente “ mudaram as moscas”.



1-Nota do autor: Anarquismo
O anarquismo predominou na luta pelas reivindicações operárias até a formação do Partido Comunista (1922), que se organizou com a cisão do bloco libertário, após o malogro do Partido Comunista Anarquista (1919).
No Rio de Janeiro, destacou-se sobretudo José Oiticica, que se manteve sempre fiel a suas idéias, à frente do periódico Ação Direta, que circulou pela primeira vez em 1929 e de 1946 a 1958, mesmo depois do falecimento do fundador, embora com uma ou outra interrupção.

2-Nota do autor: Carisma.
Na perspectiva sociológica moderna, o carisma se manifesta por certas virtudes, identificadas e reconhecidas pela massa, que confere ao líder um poder extraordinário. Assim, a experiência carismática só se realiza quando conta com o reconhecimento do grupo. O conceito de carisma está portanto vinculado ao de autoridade e liderança, embora não baste à pessoa estar investida de um cargo de mando, ou contar com capacidade de liderar pessoas, para transformar-se em líder carismático.

Há sempre, em toda sociedade, uma espécie de "carisma difuso", que para Max Weber é o elemento irracional latente, que vai ser ativado por uma personalidade carregada de carisma. Esse elemento transforma-se numa força social de grande ímpeto e detém em si um imenso potencial de destruição de uma realidade para construção de outra, que corresponda ao modelo almejado -- seja este uma sociedade mais humana e justa, como objetivaram Cristo e Gandhi, seja um país com mais espaço territorial e maior poderio militar e político, como almejaram Napoleão e Hitler.
(Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.)

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