É curioso. Ao invés de escrever sobre a beleza das paisagens e da qualidade da cozinha mineira e gaúcha, das quais pude usufruir durante as férias, acabei escrevendo sobre violência no retorno ao trabalho.
É que a beleza das terras de Minas, Rio Grande, Paraná e Santa Catarina, foram um tanto ofuscadas pelo tanto de assaltos e sequestros que acontecem neste momento naqueles estados.
Fernando Henrique conseguiu em quase oito anos de mandato agravar a condição de desemprego no país, e qualquer cidadão com baixa instrução sabe que sem empregos a sociedade tende a procurar alternativas para sua sobrevivência. No caso, assaltos e sequestros, no melhor estilo de uma sociedade em decadência.
A morte de prefeitos do PT, que fizeram a alegria de grupos de extrema direita enrustidos nas instituições democráticas é um capítulo à parte, pois tem cheiro de política e corrupção.
O crime da moda é o sequestro, banalizado por não haver interesse político em combater as quadrilhas, uma vez, muitas vezes compostas por ex-policiais ou até mesmo policiais da ativa, como se tem verificado no eixo Rio-São Paulo. Fernando Henrique, impotente com seu Ministério da Justiça, assiste a derrocada da ordem social e insiste em continuar com uma política tímida de geração de trabalho, em contrapartida aos agrados praticados em prol do FMI.
A violência tem um fundo social calcado geralmente na economia cambaleante, tendo somente alguns casos de filhotes de classe média envolvidos em crimes.
Qualquer estudante de sociologia do primeiro período sabe disso, e o grande professor da Sorbonne e da USP ainda não desconfia do que está acontecendo.
O aparelho policial em muitos estados está doente, e para sanar os problemas as leis teriam que ser cumpridas com mais rigor para os bandidos considerados de alto risco para a sociedade. Há quem sugira pena de morte ou prisão perpétua. A primeira alternativa já é mais ou menos praticada, dependendo da existência ou não de testemunhas. E da condição social do preso.
A violência infelizmente foi o grande destaque do meu primeiro texto após o retorno de férias, e posso utilizar muitas páginas para abordar o tema, embora não possa solucionar o problema.
Quem sabe nos próximos dias consigo falar um pouco mais das férias. O Brasil vale a pena. Basta que os próximos dirigentes tenham consciência do seu papel social e deixem as frivolidades de lado.
