De onde eu olho a vida, eu vejo tudo sempre de um jeito tão particular.; um modo meu de implorar por atenção.; como se logo eu fosse partir ou me tornar uma outra pessoa. E quando venho caminhando por essas ruas geladas de um lugar sem açucar.; eu sempre penso em você que ficou longe demais.
Por sua causa eu passei a entender o que é a dor de estar sem ninguém por perto.; eu na minha cegueira fui afastando-me lentamente até ficar sozinho. E quando eu quis gritar estava muito longe pra ser ouvido.; então eu chorei olhando pra retratos que nada mais diziam sobre a minha vida.
Eu que via o mundo sempre perto de nós.; parece que agora eu vivo depois dele.; lutando pra entrar e ser aceito.; e todos os meus segredos ficaram em suas mãos.; cuidado eles são de vidro! tanto foram as palavras vazias que você disse, que eu acabei aqui olhando pra parede e com a luz acessa mesmo de dia.
E quando vai escurecendo, eu aumento o som da televisão, mas os atores parecem que são zumbis.; e calados não conversam comigo.; e eu falo por nós dois.; e sou de novo o galã de uma poesia estupida e sem graça, que escrevo no escuro.
Uma vez você falou que não se importava de onde eu tinha vindo, mas quando eu abri a boca, me tornei sua vergonha pública por não conhecer Machado de Assis. Mas, a vida é mais interessante do que algo num pedaço de papel e muito mais agradavél do que as coisas que penso.
E você olhava pra mim como se fosse nascer um novo Fernando pessoa, mas eu era apenas algo bem sem importancia literaria.; e dos peotas apenas herdei os ôculos. Apesar de que lá no fundo eu saiba que você nunca tenha lido o que eu escrevia.; minhas palavras impopulares e erradas. Acho que era isso que te assustava.; não saber o que se passava dentro de mim.; assim como o vazio entre as minhas pernas.; que não podiam ser tocado.