Talvez o nível de programação das grandes emissoras nunca tenha chegado a uma situação tão crítica como a dos dias atuais.
Envolvidos pela busca do Ibope, que supostamente indica o gosto dos telespectadores através de pesquisas de opinião, os diretores de empresas fortes como a Rede Globo, Bandeirantes e Rede TV estão investindo no que há de pior para garantir números.
Segundo os cânones dos diretores das empresas de comunicação, programas como "Casa dos Artistas", "No Limite", "Big Brother", "Canal Aberto", "Eu vi na TV", "A Hora da Verdade", "Super Pop" e o mais recente mau gosto eletrônico, "Descontrole", apresentado pelo jovem Marcos Mion, são o que a população brasileira merece.
Seguindo uma linha estilo "quanto pior melhor", os apresentadores de alguns programas combinam com atores ou pobres coitados simulações de dramas familiares, acham pessoas com doenças raras, estimulam simulação ou ato sexual semi-explícito para alcançar índices de audiência e naturalmente, atrair anunciantes.
O que fica claro nestas situações é que a imagem do anunciante termina associada ao programa que está sendo exibido, podendo reverter a situação de mercado de algumas empresas.
Quem não lembra o episódio do jogador Zico anunciando shampoo Wellaton na Copa do Mundo de Futebol de 1986? Zico chutou o pênalti fora contra a França e o shampoo sumiu das prateleiras, para evitar que fosse associado ao fracasso da Seleção Brasileira e do célebre jogador que sempre conseguiu brilhar no Flamengo.
O efeito contrário pode ser alcançado pelas empresas que buscam o Ibope alto e sem qualidade, talvez mesmo sem significância de poder aquisitivo nas bobagens oferecidas atualmente.
Qualidade e quantidade nunca foram necessariamente companheiras. A aposta feita pelos diretores das emissoras pode resultar numa crise de mercado, ameaçando os empregos nas emissoras e estimulando os anunciantes a optarem por formas mais baratas e mais sensatas de divulgação. Em nome de sucessos repentinos e números pouco confiáveis os diretores das emissoras podem matar a galinha dos ovos de ouro, correndo o risco inclusive de sobrarem só as penas no balanço final.
