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Cronicas-->Olimpíadas, claro -- 25/09/2000 - 00:19 (José Renato Cação Cambraia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sempre que chegam as Olimpíadas fico seriamente preocupado com os recordes olímpicos. Não, não possuo nenhum recorde nos 50 metros nado livre, nem no levantamento de pesos, embora eu seja extremamente forte e veloz. E, apesar da minha medalha de ouro no salto à distància, numa das gloriosas Olimpíadas da Juventude da década de 80, quando eu era um ágil e leve adolescente, tive que encerrar minha promissora carreira de atleta assim que descobri que minha barriga não iria parar de crescer se eu persistisse no prazeroso mundo da glutonice. Nem preciso dizer qual caminho escolhi.
O que me deixa nervoso com os recordes, como ia dizendo, é que eles nunca vão parar! Pode demorar anos, décadas, mas alguém fatalmente será mais rápido, ou mais forte que o outro, nem que seja em milésimos de segundo, ou levantando alguns gramas a mais. E a cada ano as novas tecnologias, novos materiais, como as roupas dos nadadores que imitam a pele de tubarão, farão com que os recordes sejam superados cada vez mais rápido. E no atletismo, nos 100 m rasos, se colocássemos um pitbull correndo atrás dos caras, será que seria considerado dopping?
Os 100 metros da natação, por exemplo, o holandês, vestindo o tal colant de tubarão, fez 47s84. O recorde anterior era de 48s95, e perdurava desde 1985. Mas será, eu pergunto ansiosamente, será que um dia algum atleta (humano, não vale alienígena) nadará os 100 metros em 46 segundos? Qual é o limite exato, se é que existe tal número, que um humano consegue percorrer 100 metros nadando? Se considerarmos um tempo infinito à nossa frente, a qual número tenderá o tempo dos 100m nado livre nos próximos anos? Chegaremos aos 42 segundos antes que o mundo se acabe?
Outra coisa que sempre imagino sobre o assunto é a tal vila olímpica. Na verdade, devia se chamar zoológico olímpico. Pense nas variedades de seres que lá habitam: homens sem pêlos que nadam muito rápido, meninas de um metro e meio de altura e trinta e poucos quilos que dão mortais como quem solta um traque, gigantes de mais de 2m do basquete, os moscas do boxe, magrelos cabeçudos fundistas do Quênia, búlgaros levantadores de peso com olhos saltados, os cara-de-bobos do pingue-pongue e do tiro ao alvo e, enfim, os pagodeiros do futebol e suas podres unhas dos pés. É como a fauna do Silvio Santos, aqueles jurados do show de calouros. Um festival de aberrações.
Acho que deviam começar a pensar nas pessoas comuns, como eu e você, que não estamos nem um pouco a fim de sair correndo e pulando debaixo de um solão de rachar coco, mas que também temos direito de provarmos que podemos ser os primeiros em alguma coisa que não seja a repetir a sobremesa. Para isso, apresento aqui minhas propostas para algumas provas que dariam chance a um preguiçoso qualquer de aparecer, sem que ele precise ganhar um espaço num jornal para escrever algumas besteiras. Seriam as primeiras "Olimpíadas dos seres REALMENTE humanos".
Maratona do sono: uma competição acirrada determinaria qual o vagabundo capaz de dormir por mais tempo seguido. Eletrodos nas cabeças dos esportistas comprovariam se estão realmente dormindo ou só fingindo. Já imagino os comentários durante as transmissões:
- Ali está, Galvão, o ucraniano vice-campeão do Mundial do ano passado. Ele tem um ótimo equipamento, veja só que travesseiro gostoso! Observe sua técnica de babar e não molhar o rosto...
- Mas o brasileiro está bem, Falcão! Olha só a cara de acabado dele! Ele vagabundeou o ano inteiro, se preparando! Vai, Brasil!!
Prova do zapping olímpico: para demonstrar nosso domínio do controle remoto numa tv por assinatura com 350 canais. Cada competidor teria um roteiro de programas que deve assistir, sem que perca um segundo sequer de cada um. Por exemplo, o esportista deverá assistir: Arquivo X, Ratinho, Friends, Discovery Selvagem, Os Simpsons, Chavez, Os sabores da Itália e desenhos do Patolino e sua turma. Nos intervalos, valerão pontos por "zapping estilo livre", ou seja, o atleta realiza as mais eletrizantes sequências, passando obrigatoriamente por alguns canais, como os de filmes e pelas séries dos anos 60. Nesta prova somente poderiam se inscrever homens, pois quem, em sã consciência, deixaria o controle remoto na mão de uma mulher?
10 Milk-shakes de chocolate rasos: numa mesa de sorveteria, seriam servidos milk-shakes de chocolate. Haveria duas modalidades: os 10 copos rasos, uma prova de velocidade, onde o atleta deve beber os 10 copos no menor tempo possível, e o "ultimate shake", onde ganha quem beber mais milk-shake em dois tempos de 10 minutos. Em ambas as provas seria obrigatório o uso de canudos e, se dependesse de mim, os milk-shakes seriam os de ovomaltine, do Bob´s.
Truco olímpico: primeiro esporte a aceitar bêbados e desocupados de qualquer espécie, que conseguem entender uma melhor de três simples e gritar sempre as mesmas coisas.
Xingamento de juiz de futebol: os competidores devem, durante uma partida de futebol, executar sua performance para uma banca. Haverá quesitos específicos como criatividade, originalidade, grau de humor, potência dos gritos e manobras de risco (no caso de uma invasão ao campo para dar umas bifas no safado e acabar apanhando da polícia). Com certeza, nossa cidade teria vários atletas inscritos nessa prova.
Mas a prova que o Brasil teria mais chance mesmo é aquela em que possuímos maior número de praticantes e que nenhum outro país do mundo está tão adiantado quanto nós estamos: seria a prova de sobrevivência de uma família de sete pessoas com um salário mínimo. Com certeza, esse ouro já seria nosso!


A SEMANA - 25/09/00

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