Dizem que Cabral fugiu de Portugal por causa de um amor mal sucedido. Outra versão para a aventura do lusitano que desembarcou nas praias baianas.
Tudo começou quando Joaquina dos Prazeres rejeitou o gajo, conhecido por escapar do banho todos os dias.
Cabral queria Joaquina, mas a donzela, filha de comerciantes tradicionais, gostava de perfumes, mudar de roupa, além de cuidar muito bem de seus dentes. Apreciava, apesar de tudo, os olhos de peixe morto do grande navegador, que na época apenas estudava na escola de Sagres. Aliás, dizem que os olhos de Cabral, muito semelhantes a ovas de esturjão, provocavam filas diante da tal escola, a ponto de ser repreendido constantemente por Vasco da Gama, além do grumete Eurico.
Eurico era um grumete que invejava Cabral, pois também desejava Joaquina dos Prazeres. Em vão, já que a donzela só via o par de olhos de peixe morto...
Tudo corria bem até um dia Cabral, ansioso por mandar um bilhete com uma garrafa de vinho do Porto para sua amada, precisou dos serviços de Eurico.
Eurico aproveitou a ocasião para substituir o bilhete e agradar Joaquina, demonstrando seu afeto pela gaja.
Joaquina percebeu que Eurico também tinha olhos de peixe morto, estilo bacalhau, e dividiu seu coração.
Cabral, sempre entretido com os cálculos da Escola de Sagres, foi obrigado a ficar duas semanas sem aparecer na casa da donzela inspirada.
Foi aí que Eurico, ajudado por um malfeitor de nome Miranda, planejou o cerco final contra a não muito indefesa rapariga.
Eurico estragou um astrolábio durante uma das aulas, e conhecedor da fama de solícito de Cabral, pediu que o futuro grande navegador consertasse a peça.
Cabral aceitou de bom grado a tarefa e ficou a noite inteira mexendo com a geringonça.
Neste ínterim, Miranda, ancestral de um dirigente de futebol do Brasil, levou umas prostitutas para a escola, fazendo-as infiltrar no quarto do inocente Cabral.
Eurico arranjou testemunhas para o flagrante e contou o fato para a moça. Triste, seduzida pelo grumete de olhos de peixe morto, ela não resistiu.
Cabral, difamado, traído, veio para o Brasil, tornando-se famoso. O que a história nunca registrou foi a participação de Eurico e Miranda na viagem do grande lusitano. Está feito, pois!
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