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Cronicas-->Conto de fadas da vida real -- 02/12/2003 - 18:41 (Mariana Antonelli) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O início: era uma vez uma moça que não acreditava mais nos finais felizes dos filmes de amor. Um dia, sentada num banco, numa praça, seus olhinhos se espremeram numa figura que vinha de longe. Enxergavam os rabiscos de um cavalo branco e, montado nele, parecia haver um homem de chapéu grande e porte firme, como se fosse um príncipe. Sim, um príncipe igual aos daqueles contos de fadas, onde o final de um beijo é também o prenúncio de um final feliz.

O acontecimento: o barulho das cavalgadas vai ficando cada vez mais nítido aos ouvidos. E, de repente, eis que surge o tal homem tão lindamente vestido e cheio de palavras doces na ponta da língua, feito rosas nas palmas das mãos prontas para serem entregues a um coração apaixonado qualquer. Ele desce do cavalo, segura sua mão, olha nos seus olhos e diz que a ama, que se não for com ela, a vida dele não será com mais mulher nenhuma. E fala tão angustiado do medo de perdê-la guardado em seu peito e repete que a ama, só que tanto, a ponto de doer no fundo de sua alma. Depois disso, os olhos da moça brilham, ela suspira, o abraça e passa a acreditar novamente nos finais felizes dos filmes de amor. Ele a beija e faz planos para o futuro de ambos e diz que ela é a mulher de sua vida. Sim, ela mesma...que se achava tão desengonçada e era tão ingênua e pura e natural e, por que não, infantil? Afinal, um amor tão grande assim seria coisa madura, não? E fruto eterno. E jóia rara e forte como diamante. Mas genuíno, natural e puro. E então a vida da moça passa a ser como um sonho. Tudo a sua volta cheira a morangos e rosas, enquanto seu coração vai se entupindo cada dia que passa pelas palavras e pelo olhar e pelos gestos do príncipe.

A décima segunda badalada: um belo dia ele resolve dar uma volta em seu cavalo sozinho...e cai no meio do caminho. Cai na lama suja e suja sua roupa e o tecido de seu chapéu fica todo manchado. E então ele volta até aonde a moça o esperava. E volta nu. E, como criança que não sabe explicar as travessuras para a mãe, chora sem saber como foi que apareceu a tal poça de lama e, mais: como foi que ele caiu? E se despede dela, dizendo que sem sua roupa de príncipe, ele nada poderia fazer. Não haveria mais amor. Não haveria mais como a história continuar. Assustada ela chora, o perdoa e diz que ele é bonito mesmo nu, sem sua roupa que talvez lhe dava um certo ar nobre, mas tão sem importància se comparado à beleza e à nobreza de seus sentimentos. E diz que o amaria mesmo assim. Mas as palavras da moça de nada adiantam. Aquele homem deixou na lama não só suas roupas, mas também, todas as lembranças doces e palavras proferidas e sentimentos tão minuciosamente colhidos. E se desculpa, falando em meio a lágrimas incertas, que não haveria mais como voltar atrás. E, nu, corre contra o vento e para longe dela.

O final: toca o despertador. A moça pula da cama, esfrega os olhos e não vê ninguém na sua frente, a não ser o sol nascendo num céu meio lilás. Tudo havia sido um sonho triste. Ela segue até o espelho do banheiro, lava o rosto, escova os dentes, resmunga algumas palavras, troca de roupa, come uma fruta, abre a porta e sai de casa. E segue a vida acreditando mais que nunca que não existem mesmo finais felizes. Filmes são filmes. Vida é vida.

(Mariana Antonelli 30/11/2003)
*DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS*

fale com a autora: marirj@ajato.com.br
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