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Contos-->DESEJOS -- 25/03/2005 - 17:11 (Welington Almeida Pinto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DESEJOS
Welington Almeida Pinto


Luana sai do banho, vestida para dormir. Deita-se em silêncio ao lado do esposo, que enchia o quarto com seu ronco. Recobre-se com o lençol fino e vira para o canto da parede, pensativa.
Em pouco tempo, um burburinho de vozes sibiladas, vindo do corredor, chama sua atenção. Desce da cama, calça as chinelas e caminha até o corredor que dava para os outros quartos, imaginando ser uma televisão ainda ligada, tarde da noite. Pára diante do quarto de hóspedes e escuta gemidos longos e ardentes vindos lá de dentro. Ao aproximar da porta, que estava entreaberta, leva o maior susto ao ver sua irmã e o marido, completamente nus, numa relação amorosa. Cobre o rosto com as mãos, retrai-se e sai apressada para seus aposentos, recriminando o descuido dos parentes. Tenta dormir, mas não consegue. Rola na cama a noite toda, apreensiva, atormentada pelos seus próprios pensamentos.
Acorda inquieta, nervosa. Durante o café da manhã, o marido percebe:
- Que foi? Que cara é essa, Luana?
- Não se preocupe. Dormi mal – responde a mulher secamente.
- Precisa de tanto mau-humor?
- Já disse: dormi mal, pô.
- Tudo bem... Tudo bem...
Luana, com desinteresse total, aponta os olhos para a cozinha e grita: - Matilde, veja lá no banheiro se Rubinho já tomou banho. Ou você quer que o menino perde a hora da escola?
Em pouco tempo despacha o filho para a escola e o marido para o trabalho. Não teve ânimo para comer nada, os músculos do pescoço, doloridos, recusavam o trabalho de mastigar. Bebeu apenas uma xícara de café, sem açúcar. E decidiu encarar o dia.
Logo depois os parentes aparecem na copa e trocam com ela beijos duplo nas faces
- Bom dia, minha irmãzinha querida!
Luana, disfarçando o nervosismo: - Bom dia. Como passaram a noite?
A irmã de Luana, antes de responder, acaricia o rosto do esposo, beija-lhe levemente os lábios e sorri num misto de alegria e malícia: - Bem. Muitíssimo bem! Luana cora. E convida: - Então, sirvam-se. Erik sai mais cedo para o trabalho, aproveita e deixa o menino na escola. - Oh, meus Deus! Acho que dormimos muito – lamenta o cunhado.
Luana sugere:
- Se quiser, vá até o escritório. E voltam juntos para o almoço. O moço, virando o rosto para a esposa: - Benzinho, vem comigo ou prefere ficar?
E com o cenho franzido:
- Será que ainda sei andar em Belo Horizonte? - Claro!... A cidade só está mais perigosa – afirma a cunhada e, depois, dirigindo-se à irmã: – vá, sua boba!... Aproveita para divertir um pouco! - Então vamos, meu fofo – concorda cheia de dengo.
O casal toma o café e sai. Luana passa a manhã em crise, perturbada, fazendo de tudo para afastar os maus pensamentos da cabeça. Apesar de ter censurado a atitude dos hóspedes na madrugada anterior, não conseguia esquecer a cena de amor entre eles. Fogo e lavas borbulhando no seu cérebro.
] Na noite seguinte, Luana torna a ter insônia. Depois que o marido dormiu, decide se entreter na biblioteca. Ao passar pelo corredor, observa a porta do quarto de hóspede novamente entreaberta. Dissimulada, apressa o passo, entra na biblioteca e começa a folhear uma revista. Só deixa a sala, quando não começa a bocejar de sono.
Ao atravessar o corredor de volta para seu quarto, escuta novamente os mesmos sussurros do dia anterior. Pensa correr para sua cama. Mas, tocada por uma curiosidade imperiosa, empurra um pouquinho a porta e avista o casal em outra fogosa relação amorosa.
Um friozinho seco e arrepiante sobe-lhe pelas pernas.
- Ahn!... Misericórdia!
Em vez de sair, Luana fica ali paralisada, como se tivesse enfeitiçada. As faces de Luana pegam fogo. Sem conseguir controlar a chama de desejos que pulsava dentro de si, resolve ver o casal transando. Olha para um lado e outro e, segura, decide cometer uma extravagância impulsionada pela voluptuosidade na sua frente. Suas pernas, longas e inquietas, começam a roçar uma na outra, devagar e cheias de prazer. Abre o roupão e, de leve, alisa os seios e o ventre ao mesmo tempo até se envolver numa sensação de delírio total. Tudo tão intenso!... e febril. Sem tirar os olhos dos parentes, dobra o corpo para frente, aperta mais ainda as coxas e prende, com rigor, o indicador da mão direita dentro de sua calcinha. E logo abafa um gemido prazeroso:
- Agora!... Agora!... Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!...
Contendo a respiração, leva uma mão à boca, admirada com o que acabou de fazer. Recompõe-se. Na ponta dos pés, entra no seu quarto e encontra o esposo recostado na cabeceira da cama, fumando.
- Fui beber água - justifica.
- Água!....
- Sim. Água!...
- Conversa. Não me venha com essa! – exclama Erik, apertando o cigarro nos lábios.
- Água, sim. Quer um copo?
- Luana, vi tudo.
- Viu o quê?
- Você espiando sua irmã transar.
- Eu?. Pirou de vez, cara.
- Abaixo o tom, Luana. E invente outra.
- Detesto quem fica me seguindo feito cachorrinho!
O esposo maliciosamente:
- Acha que importei. Pelo contrário: manjei seu desfrute até o fim. Coisa de cinema!...
Uma vergonha inusitada toma conta de Luana. Erik, estirando-se um pouco mais na cama, confessa que vive assistindo fitas eróticas e que, numa delas, tem uma cena era igual.
- Não importaria de ver novamente minha mulher praticando o voyeurismo.
- Me respeita, Erik.
- E sua irmã... é fogosa na cama? - O quê? - Isso mesmo. Como é a mana?
- Não interessa.
- Safadinha!... Aposto que já fez isso outra vez.
Luana abaixa a cabeça, enrubescida: - Foi por acaso. O momento foi mais forte do que eu.
- Sua tonta! – brinca o marido, acariciando o ombro da mulher. – Olhando daqui, não posso negar que tem muito vigor no corpo.
- Chega.
Erik espicha a língua e, devagar, se põe a lamber o lábio superior da boca.
- Vamos, como é sua irmãzinha?...
- Não acredito! – espanta Luana, lançando-lhe um olhar de censura.
- Seja boazinha.
- Imbecil!...
O Marido, depois de pensar um pouco:
- Querida, caretice tem limites..
Luana:
- Estou chocada com sua indiscrição. Olha aqui, preciso dormir.
- Nanã... Tenho planos para nós.
- O que é que você quer?
O marido rindo cinicamente:
- Se estão facilitando assim, aposto que topariam um swing?
- O que é isso?
- Ora, não sabe? Cadê sua experiência?
- Não, não sei.
- Sexo grupal, querida.
- Ridículo.
- Não exagere! É muito bom, satisfaz a luxúria.
- Você não vale nada mesmo!... Perdeu a cabeça.
Os dois ficam calados por um momento. Ele acende outro cigarro e solta a fumaça aos poucos, observando os rolinhos que sobem pela parede. Perplexa, ela franze a testa e atira os olhos na direção do crucifixo com um cristo que pendia sobre a cabeceira da cama.
- É preciso ser muito ordinário para me propor isso.
Erik agarra-lhe o braço:
- Dizem que é uma experiência que pode até salvar um casamento desgastado como o nosso, atolado até aqui em rotinas.
Luana abaixa a testa. Com uma das mãos, enxuga os olhos. Em seguida, bate palmas num movimento suplicante:
- Chega. Não agüento mais!
- Não vai dizer nada.
- Nada.
- Tudo bem. Reconheço que está cansada, precisa dormir.
A mulher não responde. Deitada, vira-se para o canto da parede e puxa a coberta para cima de seu rosto. Erik não se conforma, levanta o lençol e descobre a cabeça e as costas da esposa. Em seguida, circula o corpo dela no seu e beija-lhe a nuca. Ela se contorce e recusa:
- Não... não... Quero dormir.
- Dormir!... Antes, meu bem, eu quero outra coisa.
- Me deixe.
O homem, indiferente, prende o rosto da mulher entre as mãos e beija sua boca. Apalpa-lhe os seios, as curvas da cintura e declara em tom amoroso.
- Não posso negar que você tem um muito vigor neste corpinho de anjo..
- Chega. Agora, não.
- Ah, sua tonta!... Não fique brava.
- Não. Não estou bem.
- Sinto muito, querida. Você sabe bem como fico excitado.
Sem escolha, ela cede. Por baixo, o queixo afundado no ombro do cônjuge, nem parecia estar ali, tão longe vagavam seus olhos e o pensamento. Depois do coito, se desgruda dele e, cheia de cólera, deixa o quarto e entra no banheiro para tomar banho.


Os hóspedes partem no outro dia. Dias depois, Erik retoma o assunto do swing. Ela recusa. Ele insiste. Durante um mês foi assim, até que, convencida de que não tinha mais forças para resistir às ameaças do marido, aceita visitar um Clube Prive numa noite de sábado de verão.
O casal chega e se acomoda ao lado da piscina, onde homens e mulheres se divertem num pervertido entretenimento sexual. Ao ver aquela cena, Luana se espanta e pede para sair. O marido reage:
- Sente-se.
- Meu Deus, como vim parar aqui?
- Sente-se.
- Isso me choca. - Pssiu!... E deixe de não me toques.
- Me assusta.
- Eu sei. Mas, controle-se.
- Tenho que fazer sexo também?
- Você que escolhe.
- Meu Deus! Parece um pesadelo!
- Tudo bem. Não precisa de ficar com essa carinha de nojo.
O esposo acaricia seus braços:
- Você não é obrigada a nada.
O marido enche o copo de cerveja, com cuidado, atento à espuma. Nisso, a recepcionista do Clube se aproxima trazendo um casal para apresentar aos dois. Ao ver a beleza da mulher, Erik pousa o copo na mesa e fica de pé, ao seu lado, todo risonho.
- Olá – cumprimenta.
- Muito prazer, Sofia. Meu marido, Oscar.
- O prazer é meu, quer dizer: nosso. Aquela é minha esposa.
Luana mal cumprimenta o casal. Mas, o homem que chega, corpulento e sangüíneo, se curva para Luana, estende-lhe a mão e pede licença para ficar na poltrona ao seu lado.
Cheio de gestos, Erik continua cortejando:
- Hummmm!... Mas parece uma artista de cinema.
- Obrigada. Acha mesmo?
- Sim. É a fantasia que todo homem sonha.
- Não vai me convidar para sentar?
- Não. Pensando bem, melhor deixar os dois sozinhos.
- Espertinho!...
- Pode ser.
Erik segura a moça pela cintura, sussurrando:
- Pode ser, lindinha. Mas tenho planos para nós dois.
- É?
- É. Nunca vi pescoço mais formoso!...
A mulher suspira. Beija-lhe uma das faces:
- Você sabe encantar as mulheres, mocinho.
- Obrigado. Sofia é mesmo seu nome?
- Quer mesmo saber?
- Não. Sofia me basta.
- Nme de uma deusa.
- Combina com sua beleza.
Ela ri.
- Sabe de uma coisa? Você faz bem esse tipo de sedutor.
- De alcova?
- Sim. Diz palavras que anunciam o que pretende.
- Ok. Não temos muito tempo. Eu quero você.
- Apressado, einh, rapaz.
- Que tal deixar os dois sozinhos?
- Acho que é melhor dar um tempo na mesa.
- Não. Aqui tem lugar mais tranqüilo para nós dois.
Sofia olha de lado na direção de Oscar.
- Bem, talvez.
- Talvez?
- Ai... não consigo pensar quando estou assim tão estimulada.
- Ainda bem. Eu cuido de tudo.
A mulher sorri, vaidosa. Uma bela e atraente criatura, a pele cor de jambo, cabelos longos e negros, boca de lábios generosos e olhos castanhos, excitados com o ambiente perverso do clube. Trajava um vestido sedutor, negro e colado no corpo e os seios expostos pela metade.
- Então, vamos.
E num gracioso movimento de ombros, ela pega Erik pela mão e puxa o marido da outra pelo o meio do salão, aceitando o convite para conhecer uma das suítes especiais.
Luana arregala os olhos de espanto. Nervosa e trêmula, leva as mãos à boca, balbuciando palavras inteligíveis. Ameaça ir embora outra vez. Mas, foi impedida pelo esposo da outra, que afagava sutilmente seus braços.
- Calma, princesa, você está ótima. É verdade.
- Érik é mesmo um maluco.
- Não acha que está perdendo tempo pensando no maridão.
- Crápula.
-Esqueça. O que posso fazer para lhe agradar.
- Nada. Não pode... não quero.
- Sei que posso.
- Não. Não pode. Por favor, desencosta. Você está perto demais, assim mal posso respirar.
- Bolas! Mesmo nervosinha me atrai.
Com o rosto quase encostado no dela, Oscar estende um dos braços nos seus ombros e mordisca, de leve, sua face nervosa. Luana vira a cara. E solta um gritinho assustado quando a outra mão dele acaricia-lhe os seios, escorrega pela barriga e se enfia debaixo da roupa. Sem saber o que fazer, Luana dá uma sacudidela e segura com força a beirada da saia.
- Não force, por favor.
- Qual é?
O homem recua um pouco, indignado com a rejeição. Acende um cigarro, traga, prende e solta a fumaça vagarosamente, indagando:
- Ele é mesmo seu marido?
- Não... quer dizer, sim.
- Arrisco dizer que já estão no bem-bom.
Oscar dá outra tragada.
- E nós?
- Se eu não quiser?
- Bolas! Por que não vai querer?
Luana esconde o rosto nas mãos:
- Maldito, Erik! Maldito!...
O homem, contudo, ignora o tormento de Luana. Apaga o cigarro no cinzeiro, segura o queixo da mulher, lambe-lhe as faces com a língua áspera e volta a colocar a mão por baixo de sua roupa para sentir, outra vez, a pele delicada de suas coxas.
- Gosto de acariciar seu corpo.
Ela implora:
- Moço, me larga.
- Você tem a barriga mais gostosa do mundo.
- Me deixe.
- Ora essa!... Não me diga que veio aqui para rezar?
Luana levanta para o desconhecido os olhos úmidos. E suplica:
- Moço, por favor.
- Deixe de ser chata. Vamos, colabore.
- Não posso.
- Pode. Serei delicado, eu prometo.
- Preciso ir.
- Antes, nem pensar.
Acuada, Luana aperta com força a boca do estômago e, numa atitude inesperada, puxa a saia para cima da cintura e abre as pernas, dizendo numa voz entrecortada de dor:
- Se é isso que você quer...
- é. Aleluia! Aleluia!
O homem mal acredita. Passa a língua nos lábios secos, solta um risinho cínico e beija as coxas da mulher. Desabotoa-lhe a blusa, a alça do sutiã e suga-lhe os seios, as orelhas, a cara toda... depois o ventre, o umbigo. Rasga-lhe a calcinha e lambe-lhe os pêlos, frios e secos do baixo-ventre.
Estremece mais ainda quando o corpo do animal desce penetrando sobre o seu numa demoníaca descarga sexual ... estocando... cavalgando... e assim, rugindo, se esgotando até a última gota de lazer. Uma eternidade!
Luana emite um suspiro doído, profundo, e enxuga os olhos com o dorso da mão esquerda. Fecha os olhos, estava exausta, como se contraísse uma grave doença.
E com um suspiro doído, murmura:
- Uma imundície!...
Deixa o Clube em silêncio, pega um taxi. Com os olhos encharcados, pede ao motorista para deixá-la na casa de sua mãe à rua Cristina, no bairro Cruzeiro.
A vida agora pesava-lhe mais.


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